Há dias alterei a minha “foto de perfil” do Facebook. Tinha, desde o dia 5 de Outubro de 2012, uma foto de rosto, virada ao contrário. Quem tiver alguma memória desse dia dispensará que lho recorde. Quem não a tiver, não deve sentir grande orgulho em ser Português.
Adiante. A minha nova foto de perfil é uma “selfie” ao volante de um “descapotábel”. Fiquei surpreendido pelas reacções… Surpreendido, porque esperava pior. Esperava que, no mínimo, chamassem nomes à minha mãe. Afinal, este feudo, como “Ela” lhe chama, tem o povo que tem. E dificilmente poderia esse povo ser pior. O ser miserável, é o menos. O mais, é a incapacidade demonstrada para perceber que para sair da lama é preciso amassá-la com os tomates. Porque como escrevi noutro dia, noutro enquadramento e noutro lugar, se há coisa que caracteriza o povo português é a inveja que tem do próprio homem-do-povo que se atreva a meter a cabeça fora do buraco e se queira elevar da sua condição humilde, através do seu esforço e do seu trabalho.
Enfim, a malta não me imaginava de “descapotábel”. Para que serve um “descapotábel”? Na cabecinha pequenina de muita gente, serve para afixar o estatuto. Para engatar umas gaijas, sobretudo em terras povoadas por gente de merda, onde a inteligência não é instrumento de sedução. Nem o esforço é índice de êxito.
Mas não. Se é para levar com o António Costa e ter de andar às voltinhas por Lisboa e fazer 3 km para percorrer 100 metros, então, é para ser com estilo. De “descapotábel”. BMW. Com kit “M”. Azul “racing M”. E rádio com dois subwoofers, a bombar Mão-Morta. Ou Mozart. Ou Sepultura. Ou Beethoven. “Für Elise”: Semprà-brir..
Ficaram espantados, alguns, sobretudo, e logo disseram, os menos invejosos, que não bate a bota com a perdigota, alguém ter preocupações sociais sem precisar dos apoios sociais para viver (nem mesmo de apoios sociais travestidos de salário…). Como eu os percebo… Ficaram siderados, atordoados, atónitos, chocados e até escandalizados, por tomarem consciência de que há quem se preocupe genuinamente com os outros, sem precisar dessas preocupações para nada.
E eu, estou-me genuinamente nas tintas para isso.
Podiam e deviam ter dito que a única “coisa de jeito” na foto era o azul do céu. Esse azul que só há em Portugal, e em mais lado nenhum.
Mas o povo, na sua crueldade sem nome, tem sempre razão em muitas coisas. Um “descapotábel”, serve para compensar a crua ausência de imensas coisas, que continuam e continuarão a faltar. Aos homens sem família, o descapotável serve para afixar a prosperidade da solidão. Como quaisquer outros adereços caros. Há até uma publicidade especificamente dirigida aos homossexuais. Um gaijo com gosto por utilidades caras deve sempre ser suspeito de paneleirices. E de trafulhices. Principalmente, se for advogado. E jovem, ainda por cima!
Lá isso, é verdade…
A foto? Aí a têm!
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