Profetas da desgraça…

Durão Barroso jurou aos portugueses ter visto provas da existência de armas de destruição maciça, no Iraque. Disse-o na Assembleia da República e voltou a dizê-lo enquanto primeiro-ministro de Portugal, na “Cimeira da Guerra”, nas Lages, onde reuniu com o Presidente Bush e os primeiros ministros Toni Blair e José Maria Aznar. E assim, Portugal tomou parte na “coaliation of the willing” na invasão e ocupação do Iraque: “A responsabilidade é inteiramente do ditador Saddam Hussein. É dele a responsabilidade de não ter respeitado durante anos o direito internacional e de ter violado repetidas vezes as resoluções das Nações Unidas“. E assim, depois de uma farsa a que chamaram julgamento, Samam Hussain acabou enforcado numa cerimónia parecida aos óscares, com direito a transmissão televisiva e tudo, na senda do que foi feito antes, durante e depois da guerra no Iraque, onde 1/3 de população sunita oprimia 2/3 da população xiita. A revolta dos Xiitas, por isso, era e é mais do que muita. Fez-se vingança mesmo que não tenha sido feita justiça…20030411004911501

Em entrevista à revista “Vanity Fair”, o subsecretário da Defesa norte-americano, Paul Wolfowitz, afirmou que a questão das armas de destruição maciça foi escolhida por “razões burocráticas”, uma vez que esta era uma matéria que reunia amplo consenso quer nos EUA, quer na comunidade internacional. Para bom entendedor, meia palavra basta: era tudo mentira e todos sabiam disso. Washington e Londres estão agora sob fogo dos seus parlamentares. Tanto nos EUA como no Reino Unido foram ordenados inquéritos parlamentares para apurar se os Executivos manipularam as informações recolhidas pelos serviços secretos, a fim de justificar a guerra contra o regime de Saddam.

Entretanto, os EUA fizeram o que fazem sempre: depois de criarem a desordem e acabarem com a ditadura, abandonaram aquele povo à sua própria sorte. Não tardou em acontecer: O grupo militante “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, anunciou a criação de um califado, Estado Islâmico, nas áreas sob o seu controle no Iraque e na Síria, pretendendo expandir-se ao Líbano, Jordânia e Arábia Saudita.

Abu Bakr al-Baghdadi autoproclamou-se como califa, “líder dos muçulmanos em todo lugar” e exige que todos os mulçumanos “jurem lealdade” ao novo governante e “rejeitem a democracia e outros tipos de lixo do Ocidente”. Para eles, quem não é xiita deve morrer. Tão simples como isso. Isto, para além de este grupo querer acabar com as fronteiras a oriente tal como existem… Uma espécie de União-anti-europeia. Multiplicam-se os sinais de internacionalização do conflito. Os Xiitas controlam já a quase totalidade da província síria mais próxima do Iraque. O Irão enviou aviões e a Arábia Saudita enviou 30 mil soldados para a fronteira com o Iraque, alegando que o reforço na segurança aconteceu depois de os soldados iraquianos terem desertado dos postos de controlo. Tanto o Iraque como o Irão acusam os Sauditas de terem financiado este grupo Xiita. Também a Jordânia reforçou já a segurança na fronteira com o Iraque, depois de registar manifestações pró-Xiitas, temendo-se que o grupo ganhe apoios entre os milhões de refugiados sírios, concentrados no Norte. O perigo de contágio à Europa é muito real: na Turquia existem 15 milhões de xiitas.

A Bush, Aznar, Barroso e Blair, podemos hoje agradecer o descontrolo absoluto que se vive a oriente, naquele que poderá ter sido o erro (…?) histórico que causou e causará maior perda de vidas humanas. Não é por acaso que aquela região era governada com mão de ferro. Blair e Bush são pessoas que pouco devem à inteligência. Já Durão Barroso é o exemplo de alguém que, sem sequer ser bom orador, chegou a cargos para os quais não estava preparado e não soube desempenhar. Durão Barroso é assim o homem ideal para ser proposto a Presidente da República pelo PSD. Afinal, a história prova que nenhum erro é suficientemente estúpido para não ser cometido várias vezes.

Xiitas e Sunitas: O Islão divide-se em dois grandes grupos Os Xiitas, que representam 15%; e os Sunitas, maioritários. Depois da morte de Maomé, no ano 632, muitos acreditavam que ele havia escolhido como herdeiro e sucessor o seu genro e primo Ali ibn Abu Talib. Logo após o falecimento, a escolha do novo califa foi organizada, mas, enquanto Ali e sua família organizavam o enterro de Maomé, alguns sahaba, companheiros do Profeta, elegeram Abu Bakr o novo governante da comunidade islâmica. E assim nasceu a divisão.

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