Depois do juiz Alexandre ter dado a entrevista que deu, este desfecho não surpreende. O que deve fazer espantar o cidadão é como pode ser justificada a prisão de alguém, em relação ao qual, após três anos de investigação, não se consegue produzir nem uma acusação do tamanho de um dedo mindinho: prenderam o homem para investigar, devido ao calibre dos indícios que diziam possuir, e até à data nem um alfinete para amostra.
A não ser que haja qualquer coisa menos transparente por detrás de mais um alongamento dos prazos processuais. Relembro as palavras do próprio juiz Carlos Alexandre na entrevista à SIC, “tem muito poder”, logo a Justiça em geral tem muito poder, o qual pode ser usado para o mal, apesar de ele dizer que só usa para o bem.
Por exemplo, se alguém que use a métrica moral do juiz Alexandre, considerar que é “bem”, um qualquer desfecho do caso Sócrates vir a lume lá mais para a altura das próximas eleições autárquicas com o intuito de o PS vir a ser prejudicado com o alarido daí decorrente (para já não falar de que há ainda quem sonhe com a antecipação do calendário eleitoral…), tal é mais que coerente com as afirmações do Juíz: é a Justiça a trabalhar para o “bem” e a combater o “mal”. Logo, nenhum problema de consciência se lhe colocará que fira a sua autoproclamada “ética kantiana”.
A razão porque coloco esta meridiana hipótese é simples:
1) Está de acordo com as declarações do Juíz Alexandre;
2) Prova que Sócrates foi preso sem qualquer fundamentação jurídica plausível que se veja, à época em que o foi, independentemente de ter culpas no cartório ou não.
3) As razões apontadas pela PGR não convencem ninguém. Se há ainda mais factos e pontas para investigar, a acrescer às que já tinham, então acusavam desde já com as provas que fundamentaram a prisão, continuando as investigações. Quando terminadas estas, a serem encontradas novos ilícitos, produziriam nova acusação. Ou será que um tipo que seja acusado de um crime deixa de poder ser acusado por um crime adicional?!
Quem não conseguiu em três anos fazer o trabalho a que se propôs, será que o vai conseguir fazer em seis meses? Eu já não tenho dúvidas. Não vai conseguir mesmo.
E, a ser assim, teremos assistido à manobra mais soez e refinada de ataque ao Estado de Direito vinda de dentro dos próprios agentes que o corporizam e tem obrigação de o defender, em conluio com poderosos interesses económicos, forças políticas e orgãos da comunicação social. A ter existido uma orquestração nesta escala eu concluo que Salazar foi um aprendiz de feiticeiro, não passando a PIDE de uma manifestação do barbarismo de um camponês primário.
(*) Estátua de Sal é pseudónimo dum professor universitário devidamente reconhecido pelo Noticias Online
Eu penso que têm é medo do acusar com toda a máfia envolvente.
Dá a impressão que o Senhor ‘Professor Universitário’ gosta muito dele ! Olhe ! Faça como dizem no Brasil : Leve-o para sua casa.
Gosto mais de uma Justiça “limpa”. Mas você parece que odeia mais o homem do que ama a justice