O casamento entre “elites” e poder, dinheiro e corrupção é a orgia da história da humanidade que sempre tramou a vida dos filhos bastardos, aqueles que produzem e que são explorados independentemente da cor de pele. O que interessa é acumular, ter património, viver faustosamente. Não tenho nada contra, só fico um pouco aborrecida vá. Aliás chego a pensar que é esta a razão de andarem a procurar oxigénio e petróleo noutros planetas da galáxia. Se forem embora de cá, talvez Zeus possa sossegar e voltar a ter paz como antes de ter oferecido o fogo à humanidade.
Este planeta já não lhes chega, compreende-se. Expansão precisa-se: territorial, de dinheiro digital, de sedas e brocados do Sol, de mais ovas de um peixe raro de Plutão, champagne retirado das videiras de Júpiter, kriptonite de Úrano e cogumelos quentes e alucinogénios de Vénus. O planeta terra com os seus duzentos e picos países e milhares de ilhas, com os seus meia-dúzia de continentes e oceanos tornou-se pequeno. Já compraram tudo. Já tudo lhes pertence. E estes senhores e senhoras sofrem de claustrofobia. Precisam de se expandir.
O sexo carece de mais prazer, de mais orgasmos. Estão abertos a tudo.
A menos que sejam papéis. Estes podem e devem ser guardados numa caixa. Que agora têm os seus quinze minutos de fama, aberta que foi para exporem os ditos, por uns malandros que fazem questão de revelar conteúdos – “vejam todos, estes são os futricas”.
Que chatice, ver o nome destapado assim.
A orgia acontece em redes intrincadas de sociedades em ilhas no mar alto, longe da costa de jurisdição, céus fiscais que nem os beneficiários entendem – apenas os seus advogados – quanto mais nós vulgares tolos. Os beneficiários dormem descansados, bem-aventurados, abençoados por saberem que os bens conquistados com suor, noites mal dormidas a trabalhar pelo bem público estão no paraíso. Nós os tolos dormimos descansados porque nem sabemos das orgias ou de quem nelas participa.
Do planeta assenhoraram-se de terras, rios, montanhas, montes e vales para transformar em dinheiro, em património, criando valores fictícios para os mesmos. Dos recursos sacados, da exploração organizaram um sistema que faz dos habitantes do planeta os seus escravos. Ainda por cima agradecidos. Pobretes e alegretes porque vamos até votar, pagar eleições,concertos e desportos e um largo etc, onde alguns dos artistas se propõe orar por nós, enquanto fazem sexo connosco.
Muito bem orquestrado, pensado, realizado. Foram verdadeiramente empreendedores a bater punho, aqueles que chegaram a estas realizações de sucesso. O homem sonha, imagina a obra, concretiza-a e o mundo pula e avança.
Eles vivem no céu. No purgatório e no inferno vivemos todos os outros. Há muitos nomes de todas as áreas onde os humanos praticam actividades como por exemplo na política, na música, no desporto. São de todas as nacionalidades e de todas as cores. Em todos os duzentos e picos países do planeta. São famílias inteiras. Mandam na cama toda.
E a Pandora? Não resistiu à curiosidade e abriu a caixa. Libertou todos os males do mundo. Ao ver os males libertos decidiu fechá-la e assim, manteve presa a esperança dada por Zeus. Como sempre, no inferno, o mal de uns será visto, rapidamente abafado e a caixa fechada para nunca mais se falar nisso.
Menos ainda alguém sofrer consequências e assumir responsabilidades por roubos, corrupção, orgias de poder e dinheiro. Ou pensar em divorciar-se, vá.
Como bons tolos, vá venham ali comer mais umas papas e uns bolos.
A vida segue dentro de momentos.
E os folhetins também.
Anabela Ferreira
Deixe um comentário