Os contratos de trabalho quinzenais da PT – Resposta Interjovem /CGTP-IN

sede-da-portugal-telecom-em-lisboa-3bb1No passado dia 26 de Agosto o Notícias Online publicou um artigo de opinião com o título “Os contratos de trabalho quinzenais da PT”.

Recebemos da Interjovem/CGTP-IN um esclarecimento adicional ao referido artigo de opinião, esclarecimento que publicamos na integra.

Em resposta à pergunta deixada no ar no vosso artigo de opinião de dia 26 de
Agosto, gostaríamos que a mesma não ficasse sem resposta.

Qual é a vantagem da PT [em recorrer ao vínculos precários]?

Na PT existe um ACT (Acordo Colectivo de Trabalho), onde o salário médio é
de 1200 euros, o salário mínimo é ligeiramente superior aos 500 euros, onde
o subsídio de alimentação é superior àquele que é pago aos trabalhadores
vinculados a empresas de trabalho temporário e, onde as férias são, no
mínimo, de 10 dias consecutivos.

Ao recorrer a estes vínculos de trabalho precários, através das empresas de
trabalho temporário, a PT, deixa de ser legalmente responsável por garantir
os direitos conquistados por anos e anos de luta dos trabalhadores. A PT
exclui mais de 6 mil trabalhadores do ACT (só dos contact centers)
tornando-os objectos descartáveis.

Trabalhadores descartáveis e desrespeitados

Acrescentem-se ainda que as condições de trabalho são degradantes, as
cadeiras onde os trabalhadores se sentam são incómodas e por estarem em mau
estado não permitem aos trabalhadores adoptarem posturas correctas, sendo
comum o aparecimento de lesões lombares e dorsais. Os headset (auscultadores
com microfone incorporado) são partilhados por todos os trabalhadores, sem
qualquer tipo de higienização prévia, aumentando o risco de transmissão e
propagação de doenças.

Os trabalhadores acumulam experiência e melhoram a capacidade de trabalho e
nunca passam a efectivos. Alteram, tal como a PT, de ETT em ETT.

Os trabalhadores estão em constante pressão e “em risco de despedimento”.

Com os contratos de 15 dias, a PT e as ETT conseguem, de forma perversa, ter
os trabalhadores na mão, numa relação laboral débil, melindrosa e quase
serviçal.

Um trabalhador que vive nesta situação está a ser moralmente destroçado
vivendo cada dia dos 15 na incerteza do dia de amanhã.

Durante esse tempo (até ao final do contrato), os trabalhadores são
informados se atingiram ou não as metas, estando estipulado que uma boa
avaliação é garantia de renovação automática do contrato por mais 15 dias.

As ilegalidades são constantes, existem trabalhadores que estão nesta
situação há mais de 10 anos.

A PT tem trabalhadores, supostamente, a tempo-parcial que trabalham mais de
8 horas por dia e em regime nocturno.

Depois, tendo em conta os baixos salários que paga, os prémios e as metas
definidas por objectivo são uma aliciante para as necessidades dos
trabalhadores. Muitos desses trabalhadores que estão na área de vendas e com
contratos para apenas 4 horas de trabalho, trabalham para lá da hora e
durante horários nocturnos. São milhares de euros que a PT poupa em
salários.

A PT tem lucros astronómicos.

A maior empresa de comunicações de Portugal, com mais de 1 milhão de
clientes, outrora pública, agora privada, que teve um aumento de 46% dos
lucros, consegue-os à conta de quem trabalha, principalmente, à custa dos
milhares de trabalhadores com vínculos precários, salários baixos e que têm
de trabalhar sobre pressão.

A vantagem da PT é simples, mais do que à PT, estas medidas servem aos
accionistas e administradores da empresa, que todos os anos tiram enormes
dividendos, à custa da exploração de quem trabalha.

As vantagens da PT, são as vantagens de muitas “PT’s” que existem neste
país.

A esmagadora maioria dos trabalhadores são jovens, grande parte não consegue
ter casa própria, nem constituir família devido aos salários de miséria e à
desregulamentação dos horários de trabalho.

São trabalhadores que ocupam postos de trabalho permanentes e são
necessários todos os dias. Esta instabilidade laboral serve estas empresas
para fugirem ao cumprimento de direitos consagrados, facilidade no
despedimento sem custos e sobretudo pagar baixos salários.

O agravamento da exploração, com aprovação de leis por parte dos governos,
permite às empresas como a PT, numa altura em que se fala da crise, aumentar
os lucros em milhões.

A Interjovem/CGTP-IN tem tido uma enorme intervenção junto dos trabalhadores
de call-centers, num trabalho desenvolvido a partir dos sindicatos do sector
das telecomunicações. Está em desenvolvimento uma campanha chamada “Alerta!
Aqui há trabalho precário.” que já chegou à PT.

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