Em novembro de 2001, Diogo Macedo é transportado de urgência para o hospital de Famalicão após ter ido à universidade para um suposto ensaio da tuna. Morreu sete dias depois. Maria Macedo, a mãe, ainda não desistiu de encontrar respostas. Há 12 anos.
O Diogo tinha 22 anos quando morreu. Apesar de ser aluno do 4.º ano de Arquitetura, ainda era caloiro na tuna. Sabe porquê?
Ele ainda era tuninho. Nunca percebi porquê. Mas, nesse aspecto, também nunca me meti muito nos assuntos do Diogo. Ele estava no 4.º ano, mas ainda era tuninho apesar de ter sido convidado logo no primeiro ano.
Alguma vez o Diogo se queixou aos pais das praxes na tuna?
Não. O Diogo falou-me uma vez de um tuninho – que o era há tanto tempo quanto ele – que tinha desistido da tuna antes dele. E disse-me que estava preocupado com ele porque lhe iam fazer uma espera. E eu disse-lhe: “Diogo isso é grave, avisa o teu amigo do que se está a passar”. Penso que não lhe chegou a dizer.
E apresentou alguma razão para lhe ser feito essa espera?
A esse amigo? Por desistir da tuna. Isso era gratuito.
E o Diogo nunca se queixou de as praxes serem violentas?
A mim não. À minha filha queixava-se. Ele tinha dias em que ficava a dormir em casa de colegas e quando ia a casa eu não estava, era a empregada. E ele entregava a roupa, muito suja, cheia de lama, à empregada e pedia-lhe para ela esconder, para que eu não visse.
Não queria preocupar os pais…
Claro, se a gente soubesse… Sabe que entre eles há um secretismo muito grande. Há um código. Mas mais. Eles roubavam-lhe roupa. Eram uns miseráveis. Desde meias a boxers, a camisas. Eles foram ao Brasil atuar com a Tuna e eu vim a saber, depois do que aconteceu, que o Diogo e esse tal amigo a quem eles ameaçaram, ao fim de dois dias estavam para vir embora. Porque eles [os tunos séniores] faziam deles as sopeiras. E o meu filho não foi habituado a isso. Nem ele nem o colega.
Mas eles acabaram por não vir embora.
Sabe porquê?
Não. Se calhar eles [os tunos] pediram-lhes para não vir. Mas chegaram a por os miúdos, no Brasil, à noite, a andar sozinhos na rua com os instrumentos à escola. Quando aquilo é perigosíssimo. Tanto quanto eu sei uma vez até foi um polícia que os acompanhou.
A tuna, basicamente, fazia deles escravos para tudo e mais alguma…
Sim. Eu cheguei a ver fotografias do meu filho a lavar a roupa deles. Quando o Diogo levou uma camisa para cada dia que estivesse lá. Então eu não punha o meu filho a lavar a roupa dele e ia para lá para trabalhar para os outros?
Mas ele em casa nunca contou nada. Como é que se lida com isso?
Não se lida. Ele não contava nada porque conhecia a mãe que tinha e o pai. Sabia que não punha mais os pés na tuna e ponto assente. Qualquer mãe ou qualquer pai não admitia uma coisa destas, que o filho fosse maltratado por umas bestas…
A 8 de outubro de 2011 o Diogo saiu de casa para ir a um ensaio…
Foi no primeiro dia de aulas. Eram para aí 22.30, 23.00. Toca o telefone e fui eu que atendi. E pediram para chamar a minha filha ao telefone. Eu perguntei quem era, porque o mais normal era ligarem para o telemóvel da minha filha, e disseram que era um amigo. E eu mais estranhei. Uma mãe sente que alguma coisa não está bem. A minha filha já estava na cama e fui dizer-lhe para atender o telefone. Quando foi para pegar no telefone e pousar o telefone só ouvi isto “Olha, tu não me conheces, mas eu sou…” e pousei o auscultador. Achei aquilo muito estranho. Quando senti que ela já tinha desligado fui ao quarto e já ela se estava a vestir. “Oh Sofia, quem era? Que se passa?” Ela diz-me que era o Diogo estava no hospital com problemas digestivos. Acordei o meu marido e fomos para o hospital de Famalicão, pois eu vivia em Braga. Entretanto o meu marido telefonou para o meu cunhado, que era médico no Hospital de São João, para ver se ele conseguia saber o que se passava e ele já sabia mais do que nós. E quando chegamos a Famalicão já o Diogo estava a entrar na ambulância para ir para o Porto.
Na altura o que lhe foi dito no hospital?
Não entrámos sequer. Lembro-me de a médica dizer: “o seu filho está muito mal”.
Nunca pensou que fosse algo relacionado com praxes…
Não… Depois, no hospital, apareceu o dux ou lá como se chama. E eu perguntei: “Oh Tirs, diz a verdade, fizeram alguma coisa ao Diogo?”. “Não, não fizeram, mas eu não sei”. Para já ele começou logo a mentir. Diz que estava em casa dos pais da namorada e é mentira que ele estava na faculdade. Só que estava na faculdade no namoro, em baixo. Porque ali faz-se de tudo.
Da tuna ninguém falou consigo sobre o que se passou?
Não. Mais tarde, a faculdade contactou-me. Ia lá um dos directores máximos e queria falar comigo. Comigo, não foi com o meu marido. Não é normal. E eu que estava bem. Peguei numa amiga e fui. Então o que eles queriam? Como sabe foi um médico que denunciou tudo. Estava revoltado porque no hospital, talvez para nos pouparem, ele foi dado como tendo morrido por causa de um aneurisma. E então foi interrompido o funeral para ser feita a autópsia. Porque o hospital não tinha feito autópsia.
O médico decidiu denunciar o caso porque não concordava com a causa da morte dada pelo hospital?
Exactamente. Porque ele [António Guimarães] esteve a jantar com o então director do hospital, o [Luís] Cunha Ribeiro que ter-lhe-á dito que a morte do Diogo estava relacionado com as praxes. E aí ele ficou indignado por estarem a encobrir isto. Para nós, família, a justificação do aneurisma era mais aceitável. Agora sabermos que um filho foi assassinado?
Imagino que tenha sido um choque tremendo a Polícia Judiciária interromper o funeral…
Levaram o meu marido por um braço para lhe dizer que o funeral ia ser interrompido… Não me esqueço… E foi muito mal investigado.
A partir daqui toda a história ganha contornos estranhos…
Macabros. A Judiciária, que a primeira pessoa com que devia falar era com o médico. E o médico suicidou-se… passado seis ou sete meses o médico suicidou-se.
Acha que, de alguma forma, isso está relacionado com o caso do Diogo?
Talvez esteja. Pela pressão. Por ele, no fundo, estava a acusar colegas. Parece que ele era uma pessoa já com problemas do foro psicológico, mas isso talvez tivesse contribuído.
A PJ nunca consegue chegar a incriminar ninguém da tuna pelo sucedido?
Não. Há dois suspeitos que é um tal de Armando e o gago [Tavinho].
Como é que analisa o facto de a PJ nunca ter conseguido apurar em concreto o que aconteceu naquela noite?
Facilitaram muito na investigação. Não me pediram o telemóvel do meu filho. Eles apagaram tudo [os tunos] do telemóvel do meu filho. Isto é assim, no primeiro dia de aulas foi quando ele levou o arraial de pancada. O Diogo foi para as aulas durante o dia. Ele já estava em casa, tinha tomado banho e estava em pijama. Em princípio não iria sair. Às nove da noite recebeu uma chamada, não se sabe de quem foi porque eles apagaram tudo, os números de telefone todos. Nem sei como é que foram buscar o telefone de casa. Ele acabou de jantar, foi para o quarto e, de repente, aparece vestido, depois da chamada. O pai disse-lhe “Diogo, como é? Começaram as aulas, acabaram-se as saídas”. Ele disse: “Não pai, eu vou sair por pouco tempo. Só vou à tuna resolver a minha vida”. Foram as últimas palavras dele.
Nesse dia já teria comunicado que queria sair da tuna?
Não, o Diogo já não ia à tuna há uns meses largos. Ele tinha desistido, mas não tinha dado satisfações. Nem tinha que dar, aquilo não era nenhum emprego.
Alguma vez chegou a saber quem é que nessa noite ligou ao Diogo?
Ao Diogo não. Lá para casa foi o tal dux. Nós não chegamos a saber porque eles apagaram tudo. A Judiciária devia ter pedido os dados à operadora e não pediu. Devia ter pedido o telefone e não pediu. Depois tinha um cão que era bebé e pegava em tudo. Pegou no telemóvel e aí foi pior ainda.
Avança então a investigação contra a tuna…
Contra a tuna não. Como eu não podia pegar no processo, ele foi visto pelo doutor [João] Nabais e outro advogado. Mas, para já não há nada [em termos de matéria criminal]. Mas uma coisa de cada vez porque eu ainda tenho muito tempo, tenho 20 anos antes de o processo prescrever. E eu tenho uma fé muito grande…
Da tuna, ou das pessoas que de alguma forma estavam envolvidas no que aconteceu ao Diogo, alguma vez alguém a contactou para falar sobre o que se passou naquela noite?
Não.
Funcionou o tal pacto de silêncio de que se fala agora na Lusófona, por causa do caso do Meco?
Isso aconteceu com o Diogo. Eles fizeram uma reunião e falaram todos igualzinho, igualzinho, igualzinho. Tudo ensaiado. Eles até convocaram tunos e tuninhos que não tinham estado lá nessa noite.
Estamos a falar de pessoas que já não eram propriamente miúdos…
O Diogo, com 22 anos, era o mais novo e o mais adiantado [no curso].
Dá para compreender todo esse silêncio?
Não. Eu só vejo uma explicação. São selvagens. Não têm formação absolutamente nenhuma, não têm valores para fazerem o que fizeram e deixarem maltratar um colega.
Sem nunca terem sequer a coragem de assumir o que se passou.
Não, não assumem. Mas depois vai ao YouTube, vê a Grande Reportagem da SIC e percebe muita coisa. Aparece o gago [Tavinho] e fala. E toda a gente acha que foi ele.
Alguma vez tentou falar com o Armando e Tavinho?
Eu fui às sessões todas. Só não fui às que eles foram os dois, porque eu acho que aí perdia a cabeça.
E da parte da universidade, tirando aquele contacto?
Não. Chamaram-me daquela vez e disseram: “A senhora como sabe, nós temos também Direito, temos dos melhores advogados do País e vamos por o médico em tribunal porque está a difamar a faculdade. E queríamos ver se a senhora estaria de acordo e se estava do nosso lado”.
Ou seja, a preocupação da universidade não era o que tinha acontecido ao Diogo, mas sim limpar o seu nome?
Claro. E foi sempre. E eu respondi-lhes: “Chamaram-me a mim e eu vim. Mas não sei o que é que estou aqui a fazer. Porque quem devia estar aqui era o meu marido”. Disseram que não tinham o contacto do meu marido. E então disse-lhes: “Eu não ponho ninguém em tribunal. Porque não acredito que o médico tenha mandado aquele fax para o Ministério Público de ânimo leve. E digo-lhe mais: se eu precisar de um advogado vou buscar o que eu achar que é melhor para o meu filho e não preciso de vocês”. Passou um ano e eu fui sozinha para a porta da faculdade com uma cruz de flores e uma vela e pus-me ali à porta. Sozinha.
Como é que faculdade reagiu?
Chamou a polícia. E o que está acima do dux agarrou-me nos pulsos e disse-me, desculpe o termo que eu não digo asneiras: “Tire-me essa merda daqui”. Fiquei com os pulsos todos vermelhos que o meu marido até queria que fosse ao hospital, mas eu não fui. Fui burra.
E que aconteceu depois?
Depois chamaram a polícia. Alegaram que era um sítio público. Estavam todos a fazer praxes e pararam. Foram lá para dentro, para o recinto da faculdade. Então eu disse à polícia que se não podia estar ali ia para o cruzamento, para os semáforos. Toda a gente parava a perguntar o estava a fazer. E eu dizia que estava ali porque fazia um ano que tinham morto o meu filho.
Nessa altura a faculdade disse-lhe alguma coisa?
Não. Depois não quiseram mais nada comigo. Uma mãe, com a morte de um filho, fica mais fragilizada. Mas comigo eles enganaram-se.
O que é que a levou a avançar com o processo de indemnização civil?
O doutor João Nabais, depois de analisar o processo, para tentar ver se chegava à verdade, pos uma acção contra a faculdade. Quem foram as minhas melhores testemunhas? Foram as testemunhas deles. Eles falavam contra eles. Até o vigilante.
Foi um processo longo na Justiça, com recursos para a Relação, Supremo…
Isto foi em 2004. Mas o julgamento foi anulado. Porque a própria faculdade disse que um tuno tinha dado com um jornal nas costas do Diogo. Mas era um jornal que aquilo não mata. Nem pisa. Mas só que dentro do jornal podia estar qualquer coisa. Eles foram, mais uma vez, a meu favor. Em Famalicão ganhei o processo, eles recorreram para a Relação do Porto e ela anulou o julgamento porque faltavam as provas do jornal. Depois ganhei de novo em Famalicão, ganhei no Porto. Eles recorreram para o Supremo e voltei a ganhar.
Como se já não bastasse toda a dor da morte do filho, teve ainda de lidar com nove anos de processos em tribunal…
Pois… E agora reviver com esta coisa toda dos miúdos [do Meco]. Isto vem tudo… é o reviver outra vez de tudo.
Não foi esta decisão do Supremo que lhe fez justiça?
Não se fez justiça. Isto aconteceu dentro da faculdade e ela tinha por obrigação controlar as praxes. Então eles puseram o meu filho e outros tuninhos a andar sete quilómetros a pé, nu? E a atravessar rios durante a noite?
Como soube disso?
Foi-me contado depois por amigos do Diogo.
Nunca notou no Diogo alguma mudança de comportamentos?
O Diogo era um miúdo pacato. Se lidava bem ou mal com as praxes conseguia geri-lo, para não nos preocupar.
O seu marido morreu pouco tempo depois do Diogo…
Morreu poucos meses depois de conhecermos o resultado da autópsia. A Judiciária disse-nos, sem entrar em pormenores, disse-nos que a morte do nosso filho era de origem violenta. E quando o processo foi arquivado é que soubemos em pormenor o que tinha acontecido. Que ele foi agredido da cabeça até aos testículos. Deve ter sido agredido ao pontapé… e foi mais que um. O meu filho praticava desporto, tinha uma força enorme.
Neste último mês, como tem acompanhado todo este caso do Meco? Reavivou as suas memórias?
É um reviver de um filme que passa todos os dias pela minha cabeça. Meu Deus, estas mães e estes pais…
Percebe o que estes pais estão a passar…
Ainda não acordaram. Ainda é muito cedo. Os pais destes jovens do Meco ainda não acordaram. Devem estar muito drogados.
Como é que se arranja forças para seguir em frente?
Sabe, toda a gente diz que sou muito forte. E sou. Tem que se ser muito forte para aguentar isto, para andar sozinha na luta à descoberta da verdade do meu filho.
Que conselhos daria aos pais destes seis jovens?
Que lutem para que se faça justiça. E que responsabilizem a faculdade. Aqui não sei se será fácil… Até porque isto vê-se que a faculdade está a cozinhar com os alunos. O mesmo que me fizeram a mim. É exactamente igual.
Olhando de fora, com a sua experiência, é isso que vê?
É exactamente igual. A cartilha é a mesma. O tal pacto de silêncio. Eu não acredito na amnésia (do dux). A amnésia não dá só para uma coisa, mesmo sendo selectiva. Ele está a ter tempo para cozinhar a história.
Estamos a falar de instituições que têm por missão formar pessoas…
Não. Nós pais pagamos foi o passaporte para a morte dos nossos filhos. Nós andamos anos a pagar o passaporte para a morte dos nossos filhos. Eles só vêem números, não vêem a parte humana.
Acha que o Estado deveria intervir e ser também responsabilizado?
Claro. São faculdades que vivem à nossa custa e à custa de fundos europeus, que não cuidam dos nossos filhos. Mas sabe que os reitores também estão metidos na política. isto são lobbies. E eu batalhei muito contra esses lobbies.
Alguma vez se sentiu ameaçada?
Ameaçada? Não. Aliás, no dia em que me ameaçassem ia logo à polícia…
Concorda que as praxes sejam consideradas crime público e assim ser denunciadas por terceiros?
Eu acho que é um crime público. Mas há uma falta de vontade política para resolver isto. Ai isso há. Porque há muitos interesses. Quantos deputados não passaram pelas mesmas universidades [Lusíada e Lusófona]? Há interesses…
Este caso do Meco, comprovando-se que se trataram de praxes, pode servir para mudar alguma coisa?
Espero bem que sim. Isto… Desta vez foram seis jovens. Assim nunca mais pára.
O Supremo Tribunal de Justiça decidiu que a universidade lhe devia pagar uma indemnização de 91 mil euros. Alguma vez ponderou usar o dinheiro para criar uma associação de apoio a vítimas da praxe?
Por acaso já pensei. Mas eu também não sou imensa, não é? E a minha prioridade, nesta altura, é tentar fazer justiça ao meu filho. Eu não sou bombeira. Muito ataquei eu. Não se esqueça que eu estou sozinha, que o meu marido morreu dois anos depois do meu filho. E não é o dinheiro, o dinheiro não é importante. A vida não tem preço. Mas é bom que as universidades sejam responsabilizadas. Só saindo o dinheiro do bolso deles é que se mexem.
Já tentou contactar os pais destes jovens da Lusófona?
Já. Disponibilizei-me, no caso de precisarem de mim. Identifiquei-me. Eles mandaram uma resposta a agradecer e a perguntar se eu estava disponível para falar com a Comunicação Social. Pelo meu filho e pelos filhos deles, falo.
É importante voltar a dar o seu testemunho.
Falar… porque o meu filho foi o primeiro mais grave. E nada mudou. Houve um deputado que falou na Assembleia da República e nada mudou.
Acha que a solução é proibir as praxes ou criar um tipo de regulamento que imponha limites?
O meu filho não foi maltratado nas praxes do curso. Foi na tuna. Que é mais grave. São meia dúzia. As praxes foram criadas para que houvesse uma raiz de grupo, não foi para fazer mal nem para rebaixar.
Acredita que alguma vez alguém vai ter coragem de contar a verdade?
Vou-lhe dizer: É a maior fé que eu tenho. Que algum dia alguém fale. Porque todos eles sabem. Mesmo que aqueles que não fizeram mal ao Diogo sabem. E sabe que as famílias por vezes separam-se, há divórcios complicados. É a minha única fé.
Consegue perceber, passados estes anos todos, o silêncio?
São pessoas que não têm valores absolutamente nenhuns. Que conseguem chegar à cama e dormir.
O que é que espera neste momento, passado todo este tempo?
Espero que se faça justiça. Não quero morrer sem que se faça justiça
A si falta-lhe a verdade…
Falta isso para amenizar a minha dor. Porque isto da faculdade não foi justiça, foi responsabilizar. Mas não é justiça.
Acha que o seu testemunho pode mudar alguma coisa?
Já dei tantas vezes o meu testemunho e não mudou nada. Pode ser mais um caso…
Que memórias guarda do Diogo?
O Diogo foi a melhor coisa que tive em toda a vida. Os meus filhos. E ele faz-me muita falta. Porque ele era muito meigo, muito alegre. Era o meu companheiro. O meu e do pai. É muito diferente da irmã. Ela é mais reservada. Ele não, era mais extrovertido. Era muito brincalhão. Fiquei sem nada. O meu marido faleceu, fiquei sem nada.
Guardou alguma coisa do Diogo?
O quarto dele é igualzinho ao de Braga. Montei tudo igual.
Porquê?
Porque o meu filho está sempre comigo. E eu não consigo desfazer-me das coisas dele. É uma dor que me acompanha até… até ao meu último dia.
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