Não é surpresa para ninguém que Pedro Passos Coelho tem um sério problema com a verdade, é coisa que não lhe assiste. Yanis Varoufakis disse que preferia cortar um braço a ter de assinar o acordo que considerava mau para o povo grego. Passos Coelho se uma vez na vida falasse verdade certamente esse momento seria aquele em que confessaria que preferia cortar um braço a ter de falar verdade.
Sempre assim foi, o felizmente quase ex-primeiro ministro é a personificação da personagem principal da história Pedro e o Lobo, no que dia em que conseguir vencer a patologia que o leva a mentir cada vez que abre a boca, no dia em que diga uma verdade ninguém vai acreditar nele.
Foi com mentiras que Pedro Passos Coelho chegou ao poder, foi com mentiras que Pedro Passos Coelho se manteve no poder e será com mentiras que Pedro Passos Coelho vai, embora já vá tarde, sair do poder.
Não se contenta com as mentiras que diz, complementa-as dizendo que as mentiras que ele disse não foram ditas por ele, faz lembrar a anedota do Bocage. Tenta passar um atestado de estupidez aos portugueses relegando para mitos urbanos as patranhas com que vive.
A lista das mentiras seria interminável, dizer que dava para um livro seria muito redutor, daria mesmo para uma enciclopédia. Fiquemos apenas com uma, uma das que serviram para enganar o povo eleitor, uma das que serviram para que Passos Coelho tomasse de assalto o poder.
“Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: Não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro”
Para que fique claro não existe nenhuma contradição na afirmação de que Passos Coelho tomou de assalto o poder. Uma coisa é ter sido eleito com base num programa e com base em promessas que não tinha intenções de cumprir outra, bem diferente, é ter continuado agarrado ao poder com a cumplicidade do presidente da república no mais desrespeito pelo mandato que lhe tinha sido conferido pelo povo.
Ontem, no congresso nacional dos economistas, Pedro Passos Coelho resolve dizer meia verdade. Resolveu dizer que ao longo destes quatro anos muitas vezes se sentiu à beira do abismo. Foi apenas meia verdade, se num momento único de honestidade Passos Coelho tivesse dito a verdade teria dito:
Ao longo destes quatro anos muitas vezes me senti à beira do abismo. Nesses momentos aproveitava para empurrar uns quantos desempregados, uns quantos pensionistas para o abismo”.
Pedro Passos Coelho que chegou ao poder recorrendo à manipulação e a campanhas de comunicação (um dia saberemos quem as pagou) continua a utilizar as mesmas armas numa desesperada tentativa de se agarrar ao poder. Estará com algum receio de cair da cadeira, temerá ele que após a queda do regime se faça justiça ganhando ela a camisola com o número 45 nas costas?
Não é verdade que Portugal esteja melhor! A dívida externa aumentou 30%, o números do desemprego são martelados com recurso a acções de formação e a estágios. O rendimento das famílias, as que felizmente ainda têm rendimento, foi brutalmente reduzido, os pensionistas foram e continuam a ser vergonhosamente roubados. O estado de sectores essenciais da sociedade como a saúde e a justiça é caótico.
Um estudo da Dinheiro Vivo conclui que o governo de Passos Coelho roubou 3,6 mil milhões de euros aos salários tendo oferecido um aumento de 2,6 mil milhões ao capital.
Temos cada vez mais crianças com fome, temos cada vez mais idosos sem capacidade para comprarem os seus medicamentos, o recurso à justiça é impensável, não há dinheiro para taxas, o recurso à saúde pública é para ricos, não há dinheiro para taxas.
Mas… toquem as trompetas… Há dinheiro nos multibancos! Será que não passa por estas “brilhantes” mentes que é irrelevante haver dinheiro nas maquinetas se o povo não tem hipótese de o levantar? Não têm porque ao longo de quatro anos foram espoliados!
Diz Pedro Passos Coelho que Portugal não é a Grécia pois não, as diferenças são muitas. Em Portugal temos um governo servil e que se serve, um governo subserviente às ordens imperialistas, um governo que tem por principal missão empobrecer o povo e “vendar” todo o património público.
Não é só o governo que é diferente em Portugal, também o povo o é. Os portugueses vindos de 4 décadas de ditadura depararam-se com uma festa com cravos que pensaram ser uma revolução. Ficaram convencidos que as revoluções eram uma espécie de passeio pelo jardim.
Acordem lá, abram os olhos ou quando derem por isso estão a passear no jardim mas é no “jardim da tabuletas”
[…] Continua… […]