Pedro (por Anabela Ferreira)

Recebeste o poder que tens pela promessas que fizeste. O povo, essa entidade como um antibiótico de largo espectro votou e deu-te a percentagem que precisavas para estar no poder.
Dizem as más línguas que te metias em drogas. Talvez tenha sido pelo desgosto de não teres entrado no musical do La Féria.

Olha eu também achava graça à cannabis. Aliás, acho. É uma planta bonita e faz menos mal do que tu e os teus acólitos.

Dei umas passas num charro nas festas de garagem. Não me viciei. Felizmente também não me viciei em poder, a não ser aquele que emana da minha vida e da direcção que lhe dou. Desculpa, enganei-me agora nem sobre essa eu tenho poder. Roubaste-mo. Mandaste-me para fora e eu com a mesma idade que tu, porque não andei a lamber os sapatos certos, andei a qualificar-me e a fazer pela vida. No bom sentido. Tu foste pelo mau. E certamente que não posso culpar a cannabis. Essa tem até o dom de curar. Tu tens o dom de foder a vida das pessoas.

Sabes porque te escrevo? Porque foste eleito pelas pessoas que pensaram que serias capaz de ser diferente. Não por mim. Rapidamente nos apercebemos todos o ignorante que és. Estás na mesma linha do teu padrinho que te põe a mão por baixo. Todos os teus padrinhos aliás.
Mas queres mesmo saber porque razão neste momento não uso as palavras de Ghandi ” se trocarmos olho por olho uns com os outros, ficamos todos cegos”? Porque se eu fosse a tua mulher, separava-me rapidamente de ti.

Escolheste ser como diz o título do teu livro quem queres ser. E escolheste naturalmente a única via que conheces. Ficar inebriado, ganzado, pedrado com o poder que nem a ela poupas.
Quando se soube da situação de saúde da tua mulher, falaste e pediste para te deixarem viver esse assunto familiar e intimo em família. Toda a gente respeitou. Até os que te odiavam. Eu incluída. Apesar de pensar desde o princípio que fazes parte dos nossos problemas e não das soluções.

Afinal eu estava certa. E se fosse a tua mulher pedia o divórcio já antes que seja tarde. És um produto tóxico de um erro da natureza como tantos outros que por aí andam ao teu lado.

A meses das eleições, usares a sua saúde para ganhar votos, apelando ao sentimento, faz-me lembrar o crocodilo e o escorpião. Está-lhes na natureza serem crápulas.

Milhares morrem diariamente por falta dos devidos cuidados de saúde por causa do tratamento de choque que dás ao SNS. Sobretudo o cancro tem sido um dos flagelos da nossa sociedade e milhares morrem sem conseguirem ser completamente acompanhados.

Morrer vamos todos. E todos temos medo de morrer porque não sabemos, como, onde, nem a hora. Usar esta vulnerabilidade da tua mulher, faz de ti uma pessoa abjecta e sobretudo perigosa. Muito perigosa. Ao nível da psicopatia grave.

Por isso se eu fosse tua mulher pedia de imediato o divórcio. A família dela saberá cuidar dela sem precisar de ti, nem do teu poder, ou de algo que lhe dês, como “ânimo”. Dás-lhe ânimo para que se deixe usar como propaganda eleitoral é?

O teu livro, cujo papel nem servirá para limpar Lisboa numa descarga colectiva de diarréia é por isso um livro a queimar.

A lição de História que aprendi diz que a própria vida como a História são feitas de contracções e expansões.

Todos os sistemas ao longo dos séculos implodiram ou explodiram por saturação ou pressão.

Só cortando o oxigénio a algo que parece ter vida própria, se mata por asfixia.

Compete-nos asfixiar por pressão, por contracção da satisfação dos desejos em sermos subjugados e imbecilizados e por expansão da vontade dos que querem tão só viver. Que têm também medo de morrer. E um dia vamos todos.

A ti espero que te aconteça no poder o que acontece com alguns: a morte por asfixia.

Um comentário a “Pedro (por Anabela Ferreira)”

  1. Pedro diz:

    […] Continua… […]

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