Prefiro um culpado livre que um inocente preso. Esta é a consciência da justiça quando um prato da balança se dirige ao outro. (por Anabela Ferreira)

Nada percebo de Direito mas percebo um pouco da vida e de histórias. Já assisti a muitos filmes com base em factos reais e na natureza humana. Que tanto tem de bonita e amorosa como de pérfida e mentirosa.

Os juízes do Tribunal dos Direitos do Homem que avaliaram o recurso de Carlos Cruz manifestaram o seu julgamento. A ressonância da verdade sobre o processo Casa Pia no caso Carlos Cruz continua a ser a grande vencedora contrariamente ao que dizem as parangonas.
Carlos Cruz apenas vence quando o TDH diz “que lhe foi negado o direito pela justiça portuguesa de apresentar novas provas” no recurso que interpôs depois do julgamento. Neste último relembremos que foi acusado com base nessa figura da “ressonância da verdade”.

Aqui começa a ressonância de outra verdade. A da acusação e condenação por trama diabólica – digna de Dostóievsky onde se manifesta a natureza humana mais escura e densa, com base no crime mais repulsivo praticado pelo homem.

Amanhã qualquer um de nós poderá ser acusado do crime mais hediondo que se pode cometer – a pedofilia – ser julgado e condenado (não havendo provas suficientemente fortes) com base na ressonância da verdade.

Naquele que pode ser um processo Kafkiano bem urdido por inimigos Mefistofélicos para encobrir os verdadeiros culpados (não, não é imaginação, a realidade está cheia de factos semelhantes com redes pedófilas que actuam e se encobrem).

Para o tribunal algo – mesmo que as testemunhas mintam a troco de dinheiro como nos filmes – ressoa a verdadeiro, logo passível de condenatório. Serve a justiça. Mas não ser a consciência da balança. Será este homem verdadeiramente culpado com base em provas?

Saia em vez disso uma condenação de um potencial inocente a qualquer custo.

Até porque nas mesas de café, se se diz que é, é porque é!

Porque a pedofilia é o crime mais hediondo à face da terra e um pedófilo e a sua rede tudo fará para não ser denunciado,apanhado e exposto. Talvez tenha consciência da vergonha que sentirá.

Sabemos que a justiça erra grosseiramente. Sabemos que muitos homens inocentes morreram, ou estão presos e já foram salvos da injecção letal no último minuto por causa de provas adicionadas ao processo, com o uso da tecnologia com o ADN.

Neste caso, a Carlos Cruz foi-lhe negada a apresentação de provas no seu recurso que o poderiam ilibar. O TDH dá-lhe razão neste ponto.

Pergunta para queijo: e se essas provas o inocentassem?

Com esta vitória de Pirro – que não cobre os danos – dá a quase certeza absoluta de que era necessário condenar na praça pública alguém de nome, enquanto os culpados se passeiam cometendo crimes- um pedófilo não deixa de ser pedófilo mesmo que tenha medo de ser apanhado.

Logo, o crime e muitos culpados seguem a sua vida livre (quem não se lembra de ouvir a secretária de Estado Teresa Macedo falar de fotografias que ela viu – e nunca apareceram – quando tinha a Casa Pia sob a sua alçada?)

Carlos Cruz continua o seu tempo de prisão e a vida acabada – declarado que viu agora pelo TDH ter tido um julgamento justo (?)- com esta vitória de Pirro.

Em casos de pedofilia como nos casos de violação ou abuso sexual as vítimas são silenciadas e desacreditadas.

Ou arranjados um punhado de nomes culpados ou não, para taparem o icebergue que se esconde dentro da lama com alguns dos verdadeiros monstros.

Que a verdade se saiba um dia para fazer justiça a todas as vitimas e inocentes.

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