Esta não é uma história da Jane Austen. É sobre racismo. A identidade de uma raça que uns filhos da pide querem apagar.
Einstein tem direito a viver, Martin Luther King Jr, não?
A Maria é branca vive num bairro social tem direito a viver o Odair não?
Era preto. O Odair Moreno foi enterrado. Tinha vindo de Cabo- Verde há vinte anos. Vivia em Portugal. Era cidadão de cá e de lá. Como eu e tantas outras Marias e Odaires. Tinha identidade.
No corpo do jovem Odair alojaram-se as balas de armas policiais em resposta ao seu crime – ser preto. Como é isto possível?
Porque existe uma agenda. E porque o racismo é o tijolo de assentamento dessa agenda. O racismo fez a estrutura desta casa assentada na divisão entre a superioridade de uma cor de pele sobre outra. Há quinhentos anos que é assim.
Porém só em 1946 se dá nome racismo ao racismo. Não admira que poucos o saibam.
Não admira que ainda tribunais e juízes se “esqueçam” de que o regime filho de uma pide que o praticou nos tempos contemporâneos e do qual nos livrámos há apenas cinquenta anos o deixe passar nas malhas da sua estrutura, ao autorizar bandidos a dele fazerem uso na criação de forças políticas.
Há quem não esqueça porque o sente na pele diariamente, desde nascido.
A diversidade e variedades da espécie humana existe. Tal como o racismo. São factos.
Este último valoriza em proveito do acusador diferenças imaginárias – algumas habitantes do “wishful thinking “de alguns mundos mentais para justificar privilégio e preconceito, recusando igualdade, recusando no limite a identidade bem como a vida de outro ser humano.
Neste momento o meu nojo é visceral. Se tivesse sido um meu irmão ou alguém próximo provavelmente estaria com um stick de hóquei a bater numa parede, por revolta. E nojo.
Já vivi tantas situações de racismo em Portugal, também ele o meu país – porque sou de cá e de lá – que só posso sentir nojo de toda esta barbaridade cometida por uma mão cheia de bandidos vis que sabem bem o que fazem. Por serem filhos de uma grande pide!
Quando alguém se revolta dizem: “estão a ver como eles são agressivos? Não havia necessidade.
O país até os acolhe e trata bem…Estão a morder na mão que lhes dá de comer, ingratos”…dizem estes e outros dixotes como tais.
Mais uma segunda forma de violência como se o preconceito e discriminação não fossem suficientes.
Naturalmente que uma pessoa de pele branca não faz ideia do que estou a dizer sobre preconceitos e efeitos do racismo.
Pode entender cognitivamente, empiricamente, intelectualmente e toda a imensa mente que quisermos. Acho bem que o faça. Só eles podem desfazer o que o colonialismo começou e se estendeu por longos e penosos anos.
Vejamos dois pontos parágrafo travessão
– racismo é a existência de preconceito e privilégio nas camadas sociais, económicas e institucionais.
Para quem não vê – o racismo hierarquiza a variedade dentro da espécie, colocando uma como superior e outra como inferior.
Tal como o fizeram o regime de apartheid na África do Sul (que o tal partido político filho da pide gostaria de implementar). Ou como o fazem agora uns genocídas a Oriente, obedecendo a uma agenda que tem por ambição conduzir a espécie numa luta fraticída ad eternum.
As razões? A pura ambição cavalga nas profundas desigualdades que intencionalmente foram sendo cavadas ao longo dos tempos.
Sinto como se vivêssemos numa longa peça humana onde apenas um grupo se quer impor como sendo o único intérprete da história.
Não existe reverso da medalha meus amigos – nunca nas sociedades humanas o grupo de pele escura da diversa espécie humana se colocou acima do grupo de pele clara social, educacional, estrutural, económica, legal, institucional e identitariamente criando fossos de desigualdade.
Onde o privilégio e o preconceito falassem por si com linguagem própria. Em particular em Portugal e por todo o mundo ocidental que impôs o colonialismo com o seu braço armado racismo, dentro das forças de ordem e lei, como forma de “civilização” deixando que balas atinjam corpos brancos como se estes não valessem um tostão furado.
Como aconteceu com o corpo do Odair e de tantas outras vítimas.
Os nossos corpos também são identidade.
Ou não?
Anabela Ferreira
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