É o crime de colarinho branco escondido em milhares de papéis que nos rouba tempo e significado de vida. Que provoca avalanches de vidas a habitar a indigência. Que reaviva o racismo, a intolerância e por fim o medo.
Os crimes de corrupção são conversa de mesa de tasca, ou mesa de toalha de linho com guardanapo de pontas debruadas, entre a bica e a mini, ou filet mignon e aguardente velha em balão aquecido.
Em Angola, na Guiné, em Portugal, nas Américas ou na Austrália procure-se a extensão da corrupção. Encontra-se bem, viva e feliz.
Negócios, as usual. Quando se fazem investigações sérias, são necessários anos e muitos papéis depois para finalmente se dizer “ah e tal, afinal, aquele roubou (nos) mesmo…”
É o crime da corrupção que destrói qualquer busca de felicidade.
A felicidade não é um produto nem um bem de consumo que se adquira em promoção em cartão de supermercado. É um sub produto derivado de condições de vida dignas. De trabalho bem remunerado, satisfatório, compensatório para as horas de vida, quando generosamente oferecemos ou trocamos a liberdade por dinheiro, com a finalidade de comprar o sub produto chamado felicidade.
Por uma grande infelicidade continuamos a ser putas obedientes à ordem “deita-te que me vou servir”.
Até quando?
Ou antes,quando seremos melhores que “isto”? Quando largaremos a profissão do proxenetismo? Quando teremos menos narcisos deslumbrados?
Ou a profissão de corrupto é um sub-produto advindo da psicopatia?
Não tenho respostas.
Com todos os casos transversais ao mundo do crime que veste colarinho branco e botões de punho, sei que me sinto a puta a quem apontaram uma arma e deram a ordem para se deitar porque se vão servir. Numa infeliz cama de pregos de ponta afiada para cima.
Anabela Ferreira
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