Pouco a pouco, as máscaras desaparecem dos rostos. Os alunos ficam contentes.
Quanto a mim, confirmam-me sobretudo como um observador de olhares. Costumo encontrar neles a essência das pessoas, das emoções, dos sentimentos — enfim, daquilo que será, para mim, a sinceridade do outro.
Sou daqueles que acreditam que os olhos não mentem.
A boca é diferente. Reage demasiado depressa, emite com frequência uma tentativa de ser, mas que ainda não o é em absoluto.
Em toda a minha vida, tem sido através dos olhares que avalio melhor as situações e os outros, que os reconheço às vezes muitos anos depois. Podem engordar, envelhecer e o olhar, porém, permanece igual: a cor, a expressão da surpresa, da alegria, da graça, da atenção.
Agora que as máscaras felizmente começam a cair, tenho já saudades dos olhos nos olhos, exclusivamente.
Luís Palma Gomes
E é verdade. Daí, o “os olhos não mentem”