Royally?

Notícias de Albion, sobre mulheres reais da realeza e o racismo

Era uma vez um príncipe ruivinho de sardas, órfão de uma princesa mãe, imperfeita e amada, como se quer a uma mulher que luta pelo seu lugar ao sol -e que depois de perceber ter sido usada como mulher e parideira para o futuro rei se torna pela empatia que mostrou e adoração que ganhou, uma pedra no sapato de uma realeza caduca, porém selectiva no uso que faz dos seus personagens. Veja-se o estranho caso de aceitação familiar da amante que se divorcia e casa com o herdeiro do trono, depois de morte despistada da princesa Cinderela mãe do príncipe sardento, o tal que, dizia eu, rebeldinho, se apaixona por uma americana ( oh dear, cruzes, not again! uma vez na História da Bretanha, um rei, um tal de Eduardo, até abdicou da coroa por uma fulana americana divorciada), mas como este duque não suxede na linha de suxecção não há perigo de maior, pensam vocês, então desenganem- se – os bretões de Albion, os grandes bretões como se auto – intitulam ( aren’t they great? ) hoje mais não são que uma marca mundial, pois que se acabou o reinado imperial mundial, já que o mundo está cheio de plebe de nariz empinado, escravos que gritam e barafustam, dizia eu, resolveram odiar a mulher plebeia, mulata, divorciada, independente, actriz, dona do seu nariz e cheia de opiniões sobre como deve levar a sua vida, no século XXI com o seu príncipe. Sim, porque antes do príncipe já ela tinha vida independente, mas isso agora não interessa nada. 

A ” firma” como a duquesa em título lhes chama, cagou para os pergaminhos, pedigrees, e royalties e escolheu as realities da vida moderna. 

Casou com a pompa e a circunstância real pedida e quando percebeu que vivia num castelo a cair de podre – não de madeira comida pelo bicho mas pelos donos da casa que são o próprio bicho – vendo como era tratada, com abominável racismo e preconceito, como se vivesse na casa ao lado da Jane Austen para que esta lhe escrevesse a biografia sob o título ” orgulho e preconceito” parte dois, bazou. Agora está na ribalta de novo a atirar lama pró palácio da avó dos filhos, com o grande maluco do avô hospitalizado. Grande momento real. Oh dear… the plot thickens! Brilliant! Qualquer semelhança com uma novela premiada de Shakespeareflix não é coincidência.

No entanto, porém, e ainda em simultâneo, como se não bastasse todo o veneno que se destila no alambique desta família, a família dos reais que quer destruir o jovem casalito, tem no seu seio um pedófilo, filho segundo da rainha, por debaixo dos frufrus das saias reais escondido, por debaixo do poder e do dinheiro protegido, como diz a canção a quem ninguém se atreve a chamar ao enfrentamento da justiça. 

Royally?

A distracção manobra-se então, na direcção da jovem preta, plebeia, mulher sem complexos nem frufrus a enfrentar “the firm”, ao lado do seu príncipe. Este que é um grande homem como o seu tio- avozito Eduardo que gostava de Porto. Como um príncipe moderno que se preze, a reescrever a história de princípes e plebeias, fica do lado da sua grande mulher enquanto faz o cruzamento pouco real e inusitado de sangue sardento com preto, que bem no fundo é todo ele vermelho.

Nesta pequena história real percebemos como este manicómico está cheio de farsas, tragédias, comédias e outros disparates absurdos e reais. E ridículos. 

Não nos levemos demasiadamente a sério. Ou como diz o outro, royally? 

Eu juro que me divirto. 

Anabela Ferreira

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