Amanhã é dia de eleições sendo que hoje, como manda a lei, é dia de reflexão. Não temos de reflectir apenas sobre o voto no partido A ou no partido B, aliás esqueçam lá essa coisa dos partidos e das ideologias porque a malta não está para aí virada.
Se dúvida havia de que o clubismo era a palavra de ordem, a dúvida ficou esclarecida por uma destacada militante de um partido candidato às eleições. Diz ela, resumidamente, não concordar com a linha mas que continua a votar no clube.
Outro interveniente, fundador dum partido, resolve atirar uma frase enigmática, pergunta ele se devemos beneficiar o infractor, não esclarece quem é o infractor mas isso também não é importante, até porque vai receber quase 5 milhões do estado.
Já que estamos numa de fundadores, outro fundador dum partido candidato, resolveu publicamente assumir que vai votar num partido diferente daquele que sempre foi o seu. Assumiu, explicou porquê mas não tardaram as vozes clubistas a levantarem-se e a dizerem que não podia fazer tal coisa. Até pode votar noutro partido, até entendem a posição dele e muito concordam com ela. Talvez alguns também vão votar noutro partido, mas assumir isso publicamente é que não, isso é uma deslealdade para a cor do clube. Há realmente muita hipocrisia e cinismo no clubismo politica.
Dá que pensar, dá para reflectir!
Estou a distrair-me com o correr da pena, o objectivo deste texto estava relacionado com a informação da Comissão Nacional de Eleições (CNE) enviada aos cidadãos eleitores presos e não privados dos seus direitos políticos. Esclarece a CNE que podem (podiam) votar antecipadamente seguindo os procedimentos indicados na informação difundida (foto no topo).
Não me vou debruçar muito sobre alguns dos procedimentos, serão eventualmente ridículos mas enfim decorrem da lei, por exemplo cabe ao presidente da câmara municipal da área do estabelecimento prisional, ou vereador credenciado, recolher os votos no estabelecimento prisional.
Bem, quase que me sinto tentado, como no meu município não há estabelecimento prisional, devendo desta forma a presidência e vereação da câmara estar mais folgada. Sinto-me tentado a pedir à senhora presidente se não se importa de vir recolher o meu voto uma vez que coxo com estou estou “preso” ao sofá.
Como referi há aspectos discutíveis, até mesmo ridículos, na lei mas esse não é o ponto fulcral. A informação da CNE explica, como já referi, os procedimentos a adoptar pelos presos para exercerem o seu direito de voto. Vamos a eles:
- Devem pedir ao presidente da câmara, por meio electrónico, ou via postal, a documentação para votar
Hellooooooo os tipos (ou as tipas) estão presos, não tem acesso a meios electrónicos!
- Para saberem o número de eleitor podem solicitar na junta de freguesia da área de residência
Estou mesmo a imaginar, o agora famoso Palito, a virar-se para o director da prisão e dizer “Oh sôr director, abra aí o portão se faz favor que eu vou dar um saltinho por estes montes e vales à junta de freguesia para saber o meu número de eleitor. Volto já!”.
- De acordo com a informação divulgada, outra forma de saberem o número de eleitor é através do envio dum SMS
Hellooooooo (de novo) a malta está presa, não tem telemóveis. Os senhores da CNE devem andar a ver muitos filmes americanos e ficam com o pensamento toldado.
Será possível tanto disparate numa informação tão curta? Será que tudo isto é incompetência?
Vão lá reflectir. como manda a lei, mas amanhã vão votar. Não deixem que sejam os outros, os dos clubes, a decidir por vocês e não acreditem nessa treta de que a abstenção é uma arma. A abstenção a ser uma arma é uma arma nas mãos dos clubistas virada contra vós.
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