Vivemos num País que parece não ter problemas estruturais. Até parece que os tribunais funcionam, até parece que o Ministério Público não tem uma agenda muito própria de encapotar, numa alegada falta de meios, a incompetência e o arrastar de inquéritos tempos infinitos ultrapassando tudo o que é razoável e que está plasmado em Lei. Claro que aqui têm a complacência dos tribunais que branqueiam o abuso com o argumento que os prazos, para o Ministério Público são apenas indicativos, a Lei diz 6 meses, mas se o MP entender que são 60 anos não há problema nenhum. Já no que diz respeito aos arguidos, nem um minuto de tolerância. Aliás, a Lei é usada e abusada de acordo com o que dá mais jeito ao MP.
Curiosamente, o MP foi muito célere a decidir que a evidente ameaçadora manifestação de policias que cercaram o Capitólio aquando dos debates entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro não foi nada. Aquive-se! Esta é a celeridade que se exige para todos os processos e não apenas para aqueles que lhes interessam em defesa dos interesses infiltrados da extrema-direita.
Mas não é este o tema deste texto. O tema é o “Sim Pode”, ou seja, a polémica que se gerou em torno da intervenção de André Ventura na Assembleia da República em que afirmou que os Turcos são preguiçosos. Claro que Ventura pendura esta cenoura numa vara e há logo quem desate a trotar atrás dela sem se dar conta que é isso mesmo que ele quer. Visibilidade e a possibilidade de poder continuar a fazer-se de vítima e perseguido.
Pode André Ventura enquanto deputado afirmar em plena Assembleia da República que um Povo é constituído por gente preguiçosa? Sim pode! Tal como pode, Isabel Moreira, insinuar de forma muito afirmativa que a malta do Chega é tudo gente de pila curta e mole. Não tenho o mínimo interesse em saber como é que ela sabe essas coisas. Não lhe gabo o gosto!
Aliás, começo a desconfiar que isto de ser de extrema-direita é meio caminho andado para sofrer de disfunções sexuais. Os do Chega, segundo a Isabel Moreira é coisa mole, os do põe-te em pé passam a vida a gritar “Ergue-te” e, aparentemente, precisam de se juntar aos magotes para dar uma carga de porrada num elemento do Bloco de Esquerda. Lá está, têm de juntar várias que sozinhas não se erguem para tentar fazer uma.
Voltando à questão. Pode André Ventura dizer o que disse e Isabel Moreira revelar segredos íntimos sobre a falta de pujança das coisas dos coisos do Chega? Sim podem. Podem e devem da mesma forma que o Povo que é soberano deve saber avaliar o que dizem e fazem os seus representantes e agir em conformidade nunca esquecendo que se hoje acham piada por o líder das coisas moles chamar preguiçosos aos Turcos isso apenas demonstra quem ele verdadeiramente é. No dia em que ele se virar para o lado de quem agora o defende já não acharão tanta piada.
Revisitem as memórias dos que sofreram com o Estado Novo, revisitem os inúmeros documentários feitos sobre o Estado Novo. No limite, se assim o entenderem e quiserem uma coisita mais leve, vejam ou revejam a série da RTP que conta a vida da família Lopes nos anos antes de 74, chama-se “Conta-me como foi” e merece ser visto. Vejam lá se é isso que querem para vocês e para os vossos filhos e netos.
Pode André Ventura dizer o que lhe apetece? Pode! Mas tomem cuidado, enquanto andamos aqui a discutir o poder ou não poder ele prepara-se para phoder os direitos, liberdades e garantias de todos e, para isso, conta com os infiltrados nos tribunais, ministério público, policias e forças armadas.
Abram os olhos!
Jacinto Furtado
Parabéns Jacinto Furtado que chamaste “os bois pelo nome”.