Eis a enorme mentira de Passos Coelho. O que ele não disse é que a maioria dos portugueses iria empobrecer porque lhes tiraram o que que foram dar a uma minoria para que enriquecesse mais ainda. Segundo os dados de finais de 2014, cerca de 30% dos novos milionários portugueses surgiram apenas nos últimos dois anos (entre 2012-2014) com o actual regime. Desconhecem-se por enquanto os que se tornaram milionários em 2015, o que só acontecerá em finais do ano.
Todavia, os quase 30% dos parvenus ou nouveaux riches paridos por este regime instalado desde meados de 2011, são indivíduos com mais de um milhão de dólares de riqueza líquida, ou seja, activos financeiros + activos imobiliários – dívida = riqueza líquida. Os números foram avançados pelo Credit Suisse, na sequência do estudo realizado no final de 2014 onde o banco suíço analisa a distribuição da riqueza mundial. A criação de valor continua no entanto concentrada numa pequena parcela da população: Os 10% mais ricos são detentores de quase 60% da riqueza do país – mais exactamente de 58,3%.
Em 2014 existiam 75.903 milionários em Portugal, isto é, mais 10.777 do que no ano anterior de 2013, porque já em 2013, haviam surgido 10.395 novos milionários no país, supondo que em 2015 o número dos novos milionários rondará certamente os 10.500, pelo que o total atingido na soma dos três anos entre 2012 e 2015 será certamente à volta de 30.000 novos milionários (10.000 por ano) que este regime pariu, em forte oposição aos que dependem dos salários para sobreviverem que ficaram por conseguinte irremediavelmente muito mais pobres, com rendimentos líquidos diminuídos em função do aumento da carga fiscal a que passaram a estar sujeitos, da eliminação de subsídios de família e de doença, cortes salariais, etc., além de estarem indefesos e condicionados à nova legislação laboral praticamente inexistente de direitos antes consagrados, passando o patronato a ter mais facilidade em despedir os trabalhadores quando querem.
A fortuna de mais de 90% dos milionários portugueses não ultrapassa porém os cinco milhões de dólares. Em seis casos o seu património está avaliado entre 500 milhões e mil milhões de dólares e apenas três portugueses têm mais de mil milhões de dólares de património líquido. Estes trio são os que figuram na foto acima: Américo Amorim, Soares dos Santos e Belmiro Azevedo, que só entre 2012 e 2014 — anos duros de austeridade — viram as suas fortunas ascenderem em mais de 2 mil milhões de dólares, não porque os negócios progrediram mas porque este regime proporcionou políticas de favorecimento de lucros aos grandes grupos capitalistas de acordo com a cartilha neoliberal, diminuindo substancialmente os seus impostos com a revisão do IRC que os beneficiou e transferindo uma parte das suas responsabilidades para os seus trabalhadores por via da TSU (com salários congelados que não são revistos desde 2011), pelo que estes últimos passaram a estar ainda mais sobrecarregados com uma parte das obrigações que advêm das contribuições sociais e fiscais que antes pertenciam ao patronato !
Assim, ao deixarem os empresários capitalistas de despender o dinheiro que antes deste governo tinham de pagar pelas responsabilidades fiscais e sociais que lhes estavam atribuídas, ampliaram vertiginosamente e depressa os seus lucros, aumentando assim as suas fortunas. Estes três milionários, integram pois o lote dos 10% mais ricos que detêm 60% de toda a riqueza nacional, aumentando assim o flagelo da desigualdade da distribuição da riqueza, por obra e graça das políticas deste governo da coligação PSD-CDS.
Este panorama não se cinge apenas a Portugal. Em outros países europeus com o mesmo regime neoliberal instalado, Portugal coloca-se ao lado de nações como a Grécia, Espanha, França, Itália, ou Reino Unido, assim como de países nórdicos como a Holanda ou a Finlândia, no que o Credit Suisse classifica com o critério de “desigualdade média”, ou seja, países onde os 10% mais ricos detém entre 50% a 60% da riqueza nacional. Com mais de 70% da riqueza, encontram-se os EUA e a Suíça, além de vários países emergentes da Ásia à América Latina, com “desigualdade extrema”. Em contrapartida, apenas a Bélgica e o Japão figuram entre os países com “desigualdade baixa”, em que 10% dos mais ricos detêm entre 40% e o máximo de 50% da riqueza nacional.
Portanto, quando Passos Coelho repetia a gigantesca mentira de que «só sairemos da crise empobrecendo» referia-se exclusivamente a quem dependia do salário para viver, ou mesmo os que eram proprietários de um pequeno negócio (padarias, mercearias, lavandarias, quiosques, cafés, etc), na medida em que prioritariamente as suas políticas económicas são directa e fundamentalmente dirigidas para beneficiar os grandes grupos capitalistas para estes aumentarem a sua riqueza, ao mesmo tempo que sacrifica duramente quem trabalha por conta de outrem, recebendo o salário em troca. Eis por que razão esta quadrilha do PSD-CDS tem de ser alijada do poder em Outubro.
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