Na sequência do pré-aviso de greve emanado dos Sindicatos da TAP, que se opõem à privatização da companhia, o Governo decidiu avançar com a requisição civil. Em resposta o Bloco de Esquerda decidiu chamar o Ministro Pires de Lima ao Parlamento.
O Parlamento não é ocupado por gente livre e com autonomia de julgar. Como é sabido, os partidos impõem uma férrea disciplina partidária sobre os deputados, obrigando-os, antes de se candidatarem, a assinar declarações onde entregam às suas bancadas grande parte da sua capacidade de decidir.
Se o Parlamento fosse habitado por deputados livres, Pires de Lima podia ir enfrentar uma sessão difícil. A requisição civil poderia ser seriamente posta em causa pelo Parlamento.
Mas como o Parlamento não é ocupado por deputados livres, Pires de Lima, vai pavonear-se e defender como bom, o ostensivo ataque ao direito à greve que a requisição civil consubstancia. E tudo em nome de uma acção que o País contesta, que os portugueses recusam, e que não se vê que tenha qualquer racionalidade, nem sequer económica, ao menos.
Pires de Lima, diz que “defender o interesse nacional” passa por vender a TAP, e impedir a greve através da requisição civil. E não consegue ver a contradição existente na própria frase. É pena. Durante anos conseguiu enganar-nos criando e passando para a opinião pública uma imagem de equilíbrio e de algum bom senso. Era falsa, como se vê.
Vejamos: qualquer coisa “nacional” pertence à Nação. Ora, como se pode defender o “interesse nacional”, vendendo o “interesse nacional” a interesses (estrangeiros), logo sediados noutra Nação?!
É óbvio que, quem comprar, vai defender o “seu” interesse nacional e não o “nosso” interesse nacional!
Se o caderno de encargos, para a venda da TAP, for tão restritivo que imponha a defesa do “interesse nacional”, será que irão aparecer compradores? É óbvio que não. Só aparecerão se tiverem mãos livres para poderem defender os seus próprios interesses.
Mas como disse, o Parlamento não é habitado por deputados livres. Assim, Pires de Lima, não vai ter qualquer incómodo indo ao Parlamento.
E até se pode ir divertir se a sessão for logo a seguir ao almoço.
Esperamos que, desta vez não venha de novo com taxas e taxinhas.
Ou neste caso, com Tapes e Tapinhas, requisições e requisiçõezinhas.
(*) Nota da Redacção: Estátua de Sal é pseudónimo dum professor universitário devidamente reconhecido pelo Noticias Online.
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