Fui correspondente da Lusa em Atenas.
Já anteriormente escrevia artigos para o Diário de Notícias, descrevendo situações do meu cotidiano em Atenas, e as divergências de hábitos e cultura da Grécia e do meu país.
Ainda há muito a tendência de imaginar que somos povos parecidos, mas não somos, de todo …
Uma das primeiras impressões com que fiquei foi o da curiosidade das pessoas …
Numa das viagens de trólei, lembro-me de ficar ao lado duma senhora que começou por perguntar o que fazia, quanto ganhava, quanto pagava pela casa, etc.
Confesso que me vi “grega “para acabar com o diálogo / monólogo.
Outra diferença enorme é a maneira de falar e exprimir-se.
Os gregos falam muito alto, exprimem-se com gestos …eu que sou bem mais contida, ficava aturdida com a barulheira das ruas …
Há uma cultura matriarcal (ainda)que se reflete nas relações familiares.
As mães gregas são muito apegadas aos filhos e querem continuar a mandar nas suas vidas, mesmo depois de casados.
Isso motiva a separação de casais, principalmente de mulheres estrangeiras, completamente desajustadas dessas “tradições “.
Outra diferença grande: as manifestações de carinho entre casais. Embora a música popular grega fale quase sempre de amor (ágapi), não se vê um casal abraçado ou de mão dada nas ruas; confesso que nunca percebi porquê.
Mas foi um enorme prazer ter trabalhado para a Lusa.
Sendo o meu tio embaixador na altura, conheci pessoas fantásticas, desde políticos a escritores, artistas, diplomatas.
Consolidei uma vez mais a certeza que tenho: as pessoas com mais valor são as mais simples, sempre !!!
Lembro-me da Simone Veil, do seu sorriso doce …
E de tantos outros …
E tenho saudades dessa Grécia …e de mim …
Bom fim de semana!
Gilda Isabel
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