A notícia do fecho da empresa detentora dos jornais i e Sol suscita algumas reacções ambivalentes. Por um lado é sempre lamentável ver que projectos jornalísticos desaparecem, porque aumentam o já elevadíssimo desemprego na profissão. Mesmo os 66 trabalhadores que Álvaro Sobrinho promete contratar para um novo projecto, que substituirá o actual, terão por certo remunerações baixas e vínculos precários em comparação com os até agora praticados. Só não lamento de modo nenhum, o desemprego do inenarrável pequeno grande arquitecto do Sol, José António Saraiva, e da execrável Felícia Cabrita do mesmo pasquim, e do escroque fascizante e analfabeto António Ribeiro Ferreira do i e do famigerado Luís Osório igualmente do i que vendeu a alma ao diabo.
Mas, por outro lado, não deixa de ser singular a falência de publicações, que fizeram do combate ao Governo de José Sócrates uma das suas principais orientações editoriais, logo evoluída para um persistente apoio às políticas implementadas por passos coelho nos seus quatro anos de mandato.
Terá sido apenas pelos avultados prejuízos, que o antigo gestor do BES Angola decidiu acabar com a Newshold? Ou a coincidência da chegada ao poder de uma nova orientação política, com perspectiva de durar vários anos, terá precipitado essa opção? Não, é aqui que, com o funeral do governo, findou o esquemático «método Relvas» que consistiu em alimentar certos jornais com fundos governamentais incluídos numa coluna contabilística de “despesas gerais” não especificadas, distribuídos generosamente com vista a sustentar a propaganda pro-governamental distribuída pelo spin do governo junto dos directores editoriais. Faltando as importantes verbas adicionais, essa imprensa que não subsistia apenas com a publicidade, não resistiu à falência.
Não é preciso fazer muita futurologia para constatar que os jornais e televisões capazes de manterem uma luta desinformativa contra o governo de António Costa são mais do que muitos, competindo por um mercado de leitores e espectadores cada vez mais reduzido. Sobretudo se se verificar obra feita, que torne mais vãs as críticas, que lhe forem assacadas. E os mais de 50% de portugueses, que votaram nos três partidos hoje maioritários carecem de outro tipo de publicações, mais de acordo com as suas idiossincrasias.
Hoje em Portugal faz falta um jornal rigoroso e independente como o foi «O Jornal» nos seus primeiros anos. Assim como televisões definitivamente limpas de um certo tipo de «economistas» e «comentadeiros» avençados, que falam de uma realidade tão diferente da sentida pela maioria dos seus espectadores, por isso mesmo tentados a deixarem-nos a falar cada vez mais sozinhos.
Desaparecidos o i e o Sol, bem gostaria que projectos sérios e mais de acordo com a verdadeira realidade social, económica e política portuguesa os substituíssem. A ver vamos, como diz o cego…
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