A coligação apresentou as grandes linhas do seu programa eleitoral. E o que vimos? Mal feito, sem chama, sem coerência, mais do mesmo e zero de esperança para o futuro. Manutenção da pobreza e da austeridade, dos cortes de salários e de pensões. Tudo embrulhado na demagogia do embuste e da política do faz de conta. Até aqui nada de surpreendente.
O mais surpreendente, contudo, não é isso. Passos Coelho gaba-se de ser previsível. Ou seja: Passos não quer mudar coisa nenhuma em relação ao que fez durante quatro anos. Acha que a politica que seguiu foi boa para o País e que os portugueses não devem esperar nada de diferente.
O mais surpreendente é Passos Coelho achar que tais medidas são excelentes, que empobrecer é ótimo, que passar fome é o fim último da existência humana, que não ter emprego e dignidade e não haver perspetivas de futuro para os jovens e as crianças deste País é um imperativo nacional a prosseguir.Se isto não fosse deprimente, seria, no mínimo, bizarro e patético.
E quando se refere a quem quer alterar tal rumo e tais politicas, limita-se a dizer que tais desideratos são geradores de imprevisibilidade e que vem aí o caos e o inferno. Ora, não há mudanças sem riscos. Como se vê nas empresas que crescem e se expandem: não há crescimento sem investimento e não há investimento sem riscos. E falar de riscos é falar de imprevisibilidade. Ou seja, com Passos e o seu programa, fica claro que não haverá investimentos, logo não haverá crescimento, logo o País continuará a definhar enquanto ele vai vendendo o pouco que ainda resta, de preferência em saldos burlescos.
Os comentadores, mesmo aqueles alinhados à Direita, ficaram estarrecidos. Não se ganham os votos dos eleitores dizendo-lhes que serão mortos à fome depois de colocarem o voto na urna. Não se ganham eleições dizendo aos eleitores que, se acham que estão mal, estão errados e devem mudar de ideias porque o candidato a Primeiro-Ministro acha que eles estão bem e assim devem permanecer. Não se ganham eleições dizendo aos eleitores que os seus salários são elevados e devem ser cortados quando eles chegam a meio do mês de carteira vazia. Não se ganham eleições dizendo aos reformados que as suas pensões ainda vão ser mais baixas que o que são.
Mas Passos Coelho está alucinado, acha-se imbuído de um espírito messiânico, e julga que os portugueses são masoquistas.
Ele acha que os portugueses são temerosos, que tem medo do escuro, que adoram o látego da austeridade e que tem orgasmos esgazeados quando a dor e o sofrimento os atacam.
Não, Passos Coelho. Você é um ignorante. Sobretudo da História. Você não passava nos exames que o seu ministro Crato anda a impor às crianças do secundário.
Os portugueses deram “novos mundos ao mundo”, foram mar fora, passaram as Tormentas, enfrentaram Mostrengos, superstições, tornados e marés.
Parafraseando Fernando Pessoa ( não sei se sabe quem foi, Dr. Passos), “Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor.”.
É que, mais que passar além da dor que o sr. tem imposto sadicamente ao País, os portugueses vão querer passar além do pesadelo que tem sido a sua governação e o seu discurso de pastor de seita.
Emigre, e saia da sua zona de conforto. Faça aquilo que, em tempos, recomendou aos milhares de jovens deste País.
Acredite que ficaremos todos mais aliviados.
(*) Estátua de Sal é pseudónimo dum professor universitário devidamente reconhecido pelo Noticias Online.
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