Esta história é baseada na nossa história real.
Frequentes guerras entre vizinhos que disputavam territórios e riquezas, com perdas humanas incalculáveis aconteceram na História do Homem pouco Sapiens culminando na 2ª Guerra Mundial.
Em Maio de 1945 assinala-se o seu final. Mais de 70 milhões de vidas violenta e barbaramente perdidas em seis anos.
Não contando com os largos milhões mortos pelo Japão na política de terra queimada levada a cabo pelo imperador Hirohito.
As Nações Unidas são criadas inicialmente em 1942 para se combater o Eixo (Alemanha/Itália/Japão) e posteriormente têm por missão cooperar que não mais o mundo seja o palco de tragédias bélicas.
Em Maio de 45, duas super potências emergem dos escombros. Inimigos poderosos assinam acordos territoriais e, pelas costas e em simultâneo, dão início à chamada Guerra Fria. Uma guerra entre duas ideias, quase religiosas na fé que encerram entre capitalismo e comunismo que durou mais de 40 anos, até à queda do muro em Berlim que dividia a potência caída na Guerra.
Se a guerra entre ambos, friamente calculada, tivesse sido quente da temperatura do sangue, e, o uso das armas nucleares disponíveis tivesse acontecido, a humanidade teria deixado de existir.
A ex URSS com os seus Gulags e os EUA com a sua própria história de sangue e racismo, aniquilação dos índios, introdução do racismo e da escravatura davam continuidade a uma guerra nunca terminada.
Após o V-Day, um plano de ajuda à reconstrução Europeia nasce em 1947, o Plano Marshall, com o objectivo de reconstruir as nações destruídas pela guerra. Naturalmente não há almoços grátis e o objectivo era não deixar que o comunismo avançasse sobre a Europa destruída. O capitalismo semeava a sua boa acção. E expandia a sua mão.
Independências em África aconteciam, a Europa ocidental florescia e dos EUA dependia, a Ásia saía do seu próprio cemitério.
Os Beatles voam, as pedras rolam, os soutiens queimam-se.
A cultura está pujante: literatura, filosofia, teatro nutrem-se de grandes autores. O ensino começa a ter outro rosto.
Algures no mundo outras guerras continuam…
A Europa une-se e abraça fronteiras, faz cair taxas aduaneiras, e excedentes alimentares rompem barreiras.
Homens sonhadores, membros da resistência, utópicos e libertadores, têm a visão de uma Europa unida, desenvolvida, próspera, onde os seus cidadãos circulam livremente,com direitos iguais, onde a diversidade é rainha ( com divindade aceite e proclamada) e sem conflitos.
Que visão! Um sonho bonito, parecia o movimento certo. Um movimento de expansão.
O Estado Social é criado, o Serviço Nacional de Saúde toma assento na vida dos cidadãos, o voto, os direitos Humanos, a Carta dos Direitos da Criança, Constituições que declaram que todos os homens são iguais em direitos: a tecto, a saúde, a educação, a justiça, a pão. Ao trabalho e oportunidades iguais para ambos os sexos.
Os movimentos da cintura dos anos sessenta.
Como faziam suspirar de tão promissores. Previam-se orgasmos de vidas potencialmente felizes. O amor e a erva eram livres e nós também.
As últimas ditaduras fascistas caem em Portugal e Espanha e com os conflitos bélicos presentes no Médio-Oriente, uma crise energética arrasta a Europa para um novo movimento de contracção.
Aconteciam os anos setenta.
Alguns países como o nosso “venderam as suas casas e recheios e comprometeram-se a pagar renda” para entrarem nessa União promissora de desenvolvimento.
Esbanjamentos, deslumbramentos, orgias de final de império romano, cegueira generalizada e um cancro em florescimento espalhando de novo as suas metástases na Europa.
Expansões e contracções,moeda única, novas guerras no horizonte, desta feita ao “terrorismo” cuja origem é duvidosa, ou nem tanto, crises energéticas, o final da industrialização, o avanço da tecnologia, bolhas financeiras rebentadas e falidas e, o mundo cai num buraco, não de maravilhas, mas de vermes.
Lutas entre uma Europa do Norte que trabalha para o Sul calão se fazer às praias (até estas acima das possibilidades destes povos). Dinheiro criado do nada para empréstimos e criação de dívidas com vista a servir interesses obscuros, tudo é feito por homens e mulheres contemporâneos que equiparo a ditadores que há 70 anos se auto-proclamaram deuses na terra a quem deveríamos obediência.
Milhões morreram por não obedecer e/ou por obedecer.
Hoje milhões morrem sem saber o que lhes está a acontecer.
Setenta anos depois do V-Day e muitos milhões de vidas brutalmente perdidas em todos os cantos do planeta, não fizeram tombar os sonhos de outros muitos milhões.
Coube essa fatia aos que re-construíram a Europa e aos que hoje se recusam ser de novo destruídos.
Deram, tiraram, deram um pedaço, tiraram tudo, este tem sido o ciclo de movimentos de expansão e contracção, com a pescadinha e seu rabo na boca. O sonho está a esgotar-se pelo esgoto.
Gostamos de guerras. A Europa levou guerras ao mundo. Roubou terras, pilhou bens, espalhou horrores, dizimou populações, culturas, cometeu atrocidades tremendas instigando ódios, medos e aterrorizando milhões de vidas.
Desenvolvemos o gene narcísico e o da adicção pelo poder. Pela arte de destruir. É uma arte.
Sem teorias com nenhuma constipação. Há homens e mulheres, verdadeiras bactérias , vírus potentes em culturas da arte para a destruição.
E há muitos homens, mulheres e crianças que no último século morreram para salvar a Europa de um horror mundial maior: o nazismo e os fascismos crescentes.
Os que morreram espreitam-nos com ansiedade.
Os sobreviventes das células malignas encaram-nos com desprezo.
Hoje dia do “V-Day” relembro uma história africana. A de um colibri:
-Conta-se que a floresta ardia. Os animais fugiam e assistiam ao fogo e à cobertura das chamas por toda a floresta.
Um colibri numa árvore pensou: não vou fazer nada?
E começou no seu pequeno bico a transportar água. Gota a gota ia deitando água no fogo que apanhava no rio, julgando que o iria conseguir extinguir.
Os animais olhavam-no na sua temeridade. O colibri voava, despejando gota a gota. Olhava o elefante com a sua tromba e dizia-lhe: tu com a tua imensa tromba podias carregar água também e ajudar a apagar o fogo…
Todos os olhavam e desencorajavam: O que pensas que podes fazer colibri? És muito pequeno e o fogo é demasiado grande!
Enquanto o desencorajavam, o colibri não perdia tempo e continuava a sua missão, respondendo enquanto voava: Estou a fazer o melhor que posso.
Assim serei eu também perante as constantes ameaças à paz. Perante o constante mergulho da espécie e do mundo no fundo de uma vasta e escura floresta em chamas.
Muitos colibris despejaram gotinhas. Há hoje muitos colibris a despejar gotinhas e isso deixa-me a crescer a esperança.
A sonhar o sonho de tirar a ansiedade dos olhos dos mortos que espreitam e se perguntam: Não vais fazer nada?
Sempre haverá vozes e gente a destruir, a desprezar a vida, a desencorajar, a deitar fogo às florestas.
Sempre haverá vozes a gritar: És muito pequeno e o fogo é muito grande. Não podes fazer nada.
E vai sempre haver gente da cor, da força e com o poder de um colibri. A agir para apagar o fogo.
Vou continuar a fazer o melhor que posso.
E vou celebrar o V-Day de hoje e encorajar o V-Day de amanhã.
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