Vida selvagem parte 999,999

Digamos que só sou capaz de fazer activismo político subversivo de rede social, por isso dou opinião por tudo e por nada, sei um bocadinho de cada assunto, como todo o tuga, incluindo a criada malcriada.

Considero vir a ter um canal no tubo da minha Bimby e ser “influencer” política.

Aqui chegada vou desabafar.

Foda- se Joacine! Fizeste um có-có que levava uma bala directa ao teu pé.

Seria impensável meter-me num partido e admiro quem o faz. Nunca seria obediente ao mesmo porque nem à minha mãe obedeço.

A política devia ser de cooperação para consertar erros e fazer bem. Tipo associação de condomínio ou ong’s. Assim vá,participaria activamente.

Mas como não é, fico-me a observar, a conspirar no teclado, sobre o assunto que me apetece dizer mal a seguir.

Não participo em linchamentos públicos repito, mas este tiro foi fodido!

Se estás na política, integrada num partido, não deixas de ter voz própria, mas segues um programa. Sobretudo não há abstenções sobre questões – mesmo que retóricas – tão importantes neste contemporâneo episódio da história da humanidade, que é a colonização e a guerra que o estado fascista do Bibi (acusado de vários crimes entre eles corrupção) faz sobre a Palestina. Nunca! 

Eu sou Palestina com ou sem retórica.

E não sou anti- judeus. Sou anti estado fascista israelita, situado no mesmo lugar geográfico, roubado à Palestina.

Não vou acreditar que foste escolhida pelo partido por seres preta como eu, por seres mulher como eu, por teres nascido na Guiné-Bissau como eu, seres Portuguesa como eu, ou outra gaguice qualquer. Vou acreditar que foi por seres inteligente, pensares pela tua cabeça e poderes vir a fazer diferente, levando mais gente para o lado de causas importantes.

Se não consegues comunicar com o partido (do qual conheces o programa já que o representas), nem com sinais de fumo, votas de acordo com a tua consciência. Que segundo explicaste é contra os colonatos na Palestina e toda a opressão a que aquele povo está sujeito. A proposta era do PCP. E então? Interesses falam mais alto?

Foi por quererem algo diferente (como um Ferrero Rocher), que as pessoas votaram no partido Livre.

O voto foi – no nosso sistema eleitoral- nesse partido. E foste tu a eleita. Fantástico para todos. Fiquei orgulhosa, sem ter votado no Livre. E escrevi-o. Parecias uma flor do deserto político.

Agora só faltava à esquerda uma guerra civil, quando no teatro da guerra, neste episódio da vida selvagem, a direita ganha terreno, já que a política partidária nunca foi nem será um jogo limpo.

Dividido que está o mundo, não há meio de aprendermos a tal política de cooperação ensinada por Agostinho da Silva.

Quem votou esperançava. Saiu o tiro na culatra.

Defendo-te Joacine quando tem de ser, mas agora só me apercebo do pé de barro.

Não te quero atirar mais uma pedra, mas deixar um conselho de quem olha com nojo o que se faz hoje na política.

Vais para fazer política séria, sem vender a alma, ou só para aparecer, ou ter alguma regalia? Não basta parecer séria. Tens mesmo de ser a mulher de César.

Isto foi uma faca nas costas da credibilidade, agora difícil de tirar, sem espalhar sangue. Partidos fazem asneiras e seres humanos enganam- se e cometem erros. Tudo se conserta. Ou se paga. Se fosse comigo, pedia a demissão e fazia a necessária travessia no deserto.

Por uma questão de coerência e transparência. Para mostrar que não há uma agenda escondida maliciosa. Fazendo política de outra forma. Com seriedade. Para nunca seres comparada com as serpentes que vivem na e da política suja e de golpes fodidos.   

Anabela Ferreira

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