Vamos chamar os bois pelo nome… A “inconseguida” Assunção Esteves! (por Jacinto Furtado)

assunção estevesIrrita-me imenso mas, embora contrariado, por uma questão de honestidade, tenho de estar de acordo com Assunção Esteves e com a sua mais recente declaração “o problema é deles”. Isto a propósito de Vasco Lourenço, em nome dos militares de Abril, ter afirmado que se não podiam falar não estariam presentes na sessão solene comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril.

Confesso que me é, de certa forma, irrelevante se os militares de Abril falam ou não falam na Assembleia da República. Reconheço que não me incomodam as mariquices regimentais ou protocolares que poderiam impedir a intervenção dos militares de Abril no decorrer da sessão solene. A quebra ou a momentânea alteração do protocolo não é de maneira nenhuma grave, basta haver vontade para que tal seja feito.

Grave em toda esta situação é a vergonhosa declaração feita por Assunção Esteves sobre a tomada de posição dos militares de Abril “o problema é deles”. Estas declarações revelam realmente o inconseguimento  de Assunção Esteves enquanto mais alta representante daquela que devia ser a casa da democracia. O seu não conseguimento frustacional deve impedir a senhora de respeitar quem merece respeito, talvez fosse bom alguém lhe explicar que quem não respeita não tem de ser respeitado.

Não pensem que estou a dar o dito por não dito. Bem sei que no inicio deste texto afirmei estar de acordo com a frase proferida por Assunção Esteves. Afirmei e reafirmo, estou de acordo embora as frase ficasse melhor com uma ligeira alteração.

A CULPA É DELES!

A culpa é deles. Se não fossem os militares de Abril Assunção Esteves não teria, com o seu soft power sagrado a possibilidade de envergonhar a casa da democracia.

A culpa é deles. Se não fossem os militares de Abril Assunção Esteves não estaria reformada aos 42 anos com uma pensão de mais de sete mil Euros após ter “trabalhado” uns miseráveis 10 anos.

A culpa é deles porque permitiram que uma classe parasitária se instalasse no poder olhando apenas aos seus interesses, decidindo em beneficio próprio sem o mínimo de respeito para com o Povo que supostamente deviam representar, e proteger.

A culpa é deles porque assistiram e permitiram que todos os valores que apregoavam fossem sendo destruídos sem nada fazerem.

A culpa é deles porque se acomodaram à pacata e honorifica distinção de serem militares de Abril.

Que raio de treta é essa, o que é um militar de Abril? Um tipo que em Abril é militar e nos restantes meses é um pandego comensal em agradáveis almoços de convívio, é isso que é ser militar de Abril?

Não há militares de Abril. Um militar é militar sempre. Um militar é militar de Janeiro a Dezembro. Um militar, mesmo quando sai do activo, continua a ser militar.

Preocupem-se menos com Abril e mais com os restantes 11 meses.

Preocupem-se mais em cumprir o juramento que fizeram e menos com folclores festivos alusivos a uma data que há muito foi violada, se é que alguma vez foi respeitada.

Juro, como português e como militar, guardar e fazer guardar a Constituição e as leis da República, servir as Forças Armadas e cumprir os deveres militares. Juro defender a minha Pátria e estar sempre pronto a lutar pela sua liberdade e independência, mesmo com o sacrifício da própria vida.

Quanto a Assunção Esteves não vale a pena escrever nada mais, é um total e absoluto não conseguimento perverso.

Vamos chamar os bois pelo nome… A culpa é deles, o problema esse é nosso e enquanto permitirmos continuará a ser nosso!

8 comentários a “Vamos chamar os bois pelo nome… A “inconseguida” Assunção Esteves! (por Jacinto Furtado)”

  1. José Paes diz:

    Não tenho dúvidas de que foi o medo de se poder ouvir na “casa da democracia” um discurso incómodo para uma maioria dos deputados que actualmente a ocupam, que levou a sua Presidente a recusar o que seria perfeitamente justificável em circunstâncias normais.
    Interpretada a sua reacção desta forma, esta constituiu afinal um lamentável acto de “censura preventiva” que só a desprestigiou perante muitos dos milhares de portugueses que tiveram a oportunidade de ouvir o seu infeliz comentário sobre o assunto.
    Mal vai a democracia quando se comemora, em cerimónia solene, um acontecimento decisivo para a sua própria restauração, sem que a um representante dos corajosos protagonistas desse acontecimento seja dada a cortesia do uso da palavra!
    Pior vai ainda a democracia quando políticos responsáveis pelos destinos do País receiam e hostilizam a palavra da sociedade civil que não lhes agrada.

  2. Jorge diz:

    Não, meu caro Jacinto Furtado, a culpa não é deles. A culpa é NOSSA. Somos nós os que permitimos que isto suceda neste pobre país. Quando em Abril os militares saíram à rua foi o Povo quem os esperou, foi o Povo quem fez a revolução. Eles só ajudaram porque saíram com as armas. O resto foi obra do Povo. E, infelizmente, o Povo não conseguiu manter a sua postura. Não percebeu a revolução que fez. E, como alguém aqui já disse, não é nas urnas que resolveremos os nossos problemas. É nos bancos dos tribunais como os finlandeses fizeram. Só aí. Para que nenhum político mais tenha a veleidade de enganar o Povo.

  3. Luís Cardoso diz:

    A culpa é deles, e eu agradeço-lhes essa culpa, apesar de ser um nascido pós 25 abril 74. Bastavam poucos recusar para que a revolução não tivesse lugar, e eles não recusaram. A nossa segunda figura do estado recusa o risco. Não se quer arriscar a um discurso menos “politicamente correto”, tem medo. Os líderes do nosso país são isto, são os que deixam subir bandeiras invertidas, para depois dizerem que a culpa é dos outros.Na hora certa, têm o poder de dizer: Parem! Faça-se o que deve ser feito! Mas nessa hora, escondem-se. O rei vai nú.

  4. Pasimar diz:

    O jornalista Jacinto Furtado foi muito assertivo, pouco havendo a acrescentar ao que escreveu. Acrescento, no entanto, que dos três “Ds” que os militares de ABRIL74 se propuseram promover (Descolonizar, Democratizar, Desenvolver), nenhum foi alcançado, tal foi a ingenuidade e ignorância dos cidadãos com farda sobre o que é a política e os partidos. Um quarto desígnio também deveria ter sido proposto, mesmo com o risco de não ser cumprido – a promoção da JUSTIÇA, sem a qual nenhum dos outros três propósitos se consegue concretizar. Efectivamente, hoje Portugal é um País Colonizado, Demagógico, Atrasado e minado de Injustiça! Acreditem ou não, responsabilizar e prender os responsáveis é condição imperiosa para que Portugal renasça e o Povo acredite que é viável como País. Não é somente nas urnas que se deve punir os políticos que governaram mal!

  5. helder cascais diz:

    Esta senhora, não tem o minimo de respeito nem pelo seu propio lugar
    nao tem o minimo de postura de estado
    é uma pessoa, sem qualquer utelidade, basta verificar que se borrou toda com os policias.
    teve medo destes, e para os acalmar os recebeu de imediato
    como nunca o fez com outros manifestantes , com muito mais motivos e os cempre ignorou
    quero eu aqui afirmar que se algum melitar der um tiro só um que seija
    esta senhora muda logo imediatamente de opinião
    tanta pouca vergonha neste aparelho do estado

  6. PPoeira diz:

    Não são os militares que têm culpa deste estado de sítio. É quem votou sistematicamente nestes governos. Ou está á espera que os militares façam revoluções diárias?

    • sol_poente diz:

      Claro que não são os militares os culpados da situação dramática que estamos a viver. Os grandes responsáveis são, sem dúvida, os eleitores que sempre votaram nos partidos da direita…
      Há que mudar, forçosamente, o sentido do voto, procurando eleger candidatos dos partidos de esquerda – precisamente aqueles que nunca foram governo! No mínimo, há que dar-lhes o benefício da dúvida. Com uma certeza: nunca ficaremos pior do que estamos.
      Se tal não vier a resultar, só descortino uma solução para alterar profundamente o cenário em que os portugueses (sobre)vivem: a revolta completa, a revolução necessária, em que os militares (de sempre) intervenham activamente! De resto, Otelo já disse, há poucos dias, que os militares deviam derrubar o governo… Então, de que estamos, todos, à espera?

    • Puro Lusitano diz:

      Desculpe não concordar consigo; mas, fazer uma revolução é como fazer um filho. Há que tomar conta dele! Não basta fazer uma constituição e pensar que os problemas ficam todos resolvidos. Se os partidos eleitos governam contra a constituição, há que os pôr na rua, ou rever a constituição, e acabar com a bandalheira. Não se esperam revoluções diárias, apenas quando voltam a fazer falta… e já é tempo de acabarmos com este estado de coisas.

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