O terceiro lado da moeda (por Anabela Ferreira)

não dizemos nadaComo sempre andam uns recolhendo os cacos (pieces) para com eles fazer a mandala da paz (peace). A pescadinha de rabo na boca. Ódio versus amor. Ódio que vem da falta de amor, do medo e da ignorância.
Do medo do diferente, do estranho, do desconhecido. Medo de perder poder e controlo. Por ignorância. Sobre o desconhecido, sobre o diferente, sobre o estranho. Sobre o que nos pode deixar sem poder nem controlo.
Quando temos uma visão histérica, esclerosada, desamorosa, truncada e ignorante do mundo que nos rodeia temos o caldo perfeito para fazer marinar o ódio e o medo.
No coração da democracia (Reino Unido) uma mulher, mãe de dois filhos menores, deputada pelo Partido Trabalhista, escolheu a política, a defesa de refugiados, o discurso anti-racismo e as causas humanitárias como forma de vida. Ontem foi assassinada por causa das suas convicções e ideias enquanto fazia um trabalho que nos é caro a todos. As razões, se há razões? Morta em nome do ódio. Do medo e da ignorância.
É nossa obrigação não apenas homenageá-la, mas continuar o seu trabalho por toda a Europa, esta que está em riscos de se tornar uma distopia, e, perseguir com todo o amor, os direitos da Humanidade: a liberdade, igualdade, a fraternidade e a solidariedade, os valores que nos são caros.
No coração da democracia (França) e dos direitos humanos, dois polícias, um casal com um filho menor foram assassinados por defenderem valores e convicções que nos são caros. A protecção e a ordem públicas. As razões, se há razões? ódio! É nossa obrigação não apenas homenageá-los mas continuar a defesa dos valores da liberdade, solidariedade e fraternidade nascidas na sua terra.
Cinquenta pessoas jovens foram mortas na terra feita por, e de emigrantes, de todas as cores, credos e nações enquanto dançavam e eram felizes. Valores que nos são caros. As razões, se há razões? Ódio.
Todos actos de terrorismo cuspidos desta sociedade sem alma da qual somos todos filhos gémeos.
No outro lado da moeda temos a inscrição de países como a França, os Estados Unidos, o Reino Unido entre tantos que sem a aprovação colectiva têm demasiado poder para matar inocentes.
As razões, se há razões, chama-se: Poder.
Violamos direitos internacionais, bombardeamos cidades, invadimos e matamos civis. Dizem que é para nosso bem. Cria-se austeridade e desemprego. Cria-se dívida e pobreza. Não, não é para nosso bem. Não, não é para defesa de nenhum valor que nos seja caro. Até hoje a História prova o seu contrário.
Quem quer controlar e enganar sabe que é espalhando pobreza e ódio, incentivando-o e proclamando-o como valor, que consegue estar nos lugares que ocupa. O plano e as regras do jogo são sempre os mesmos.
Com este círculo nunca a pescadinha larga o rabo.
É como ver os Jogos Olímpicos. De tantos em tantos anos há uma trégua para reconstruir e descanso para os jogadores.
Depois a elite que domina volta à carga.
Não é conspiração é tradição.
Fomentar o ódio e responder com ódio. Oferecer ódio e acicatar com ódio para que o jogo dure e dure como se os seus jogadores fossem movidos a pilhas duracell.
Só caem inocentes, como é previsto no plano do jogo.
Que negociata inteligente.
Ou não se gastaria o que se gasta na guerra, em nome da defesa de valores que os nossos governantes não praticam.
Sabem que é por ódio à paz e ao amor que se alimenta a ignorância, o ódio e o desejo de vingança.
Sejam artistas, políticos de bem, gente vulgar que cuida, todos os inocentes, sejamos os incómodos à vingança do ódio sobre o amor. Segundo a tradição vamos continuar a ser os mortos a chorar.
Então continuemos a homenagear e a trabalhar para que a voz dos mortos chegue aos ouvidos dos vivos. Para que o morrer de uns não tenha sido em vão à vida de todos A voz do amor.
Não importa como nem porquê. Não importam os perigos. Não importa se somos inúteis.Unidos pelas causas comuns e que nos unem nos elevamos. Separados e divididos pelo ódio pereceremos.
Sejamos denunciando, fazendo pequenos gestos, pequenas acções, de amor, cuidando, não ignorando, pensando, o terceiro lado da moeda, os incómodos às ditaduras e aos que odeiam o amor e a paz.
Porque é o que os seres humanos com valores fazem.Incluindo morrer por eles. Que os inocentes mortos de mortes matadas por falarem em nome da evolução, do amor e da paz fiquem no único Poder útil aos Humanos, a Paz.
Imagem com poesia de Maiakovsky, poeta morto por falar na sua poesia contra o ódio e contra o regime de ditadura.

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