Khanimambo

É uma poesofia de vida chegar a Moçambique com uma frente povoada por ilusões e um coração cheio de sonhos. Acreditem-me. Vivi e trabalhei por lá, deixei pele e lágrimas no terreno, por vários anos.

Não venho aqui falar de política mas como não? Se tudo é política?

Não, vou falar-vos da Fundação Khanimambo.

O país tem extensos lugares e pessoas para nos apaixonarmos, muito terreno para ser trabalhado e muitos mais obstáculos para superar, sobretudo para quem chega de braços estendidos prontos a acolher.

Foi o que fez a Alexia, com poucas hesitações e pestanejando ainda menos. Mas felizmente o mundo tem gente assim. Não só abraçou, não só acolheu, como decidiu dedicar a vida às gentes do Xai-Xai, na província de Gaza, comunidades maioritariamente rurais e muito pobres.

Num país riquíssimo, com tanta pobreza que aflige qualquer pessoa de bem, sabendo que não pode ser de bem quem assim estrangula o seu povo, concertados com os dirigentes estrangeiros que se aproveitam do mesmo bem como das riquezas do país. Algo que ainda hoje me deixa espantada. Como o canibalismo do sistema come carne viva sem deixar sobras nem vestígios de sangue. Deixa apenas as veias escancaradas. Desculpem mas política é essencial para escolher erradicar abutres e canibais…

A visita ao Xai-Xai deixou a Alexia – entre outra gente anónima – com o sentido de servir e socorrer quem nada tem, vítima dos tais canibais.

E a Alexia deixou-me espantada. Atirou a primeira pedra da Khanimambo, uma ONG que hoje é uma Fundação que se ocupa de facto das comunidades locais. De facto! E com transparência.

Começou pelo pequeno e continua pelo pequeno, pedindo a cada um de nós que faça apenas um pequeno gesto. Basta um pequeno gesto.

De tantos pequenos gestos de ajuda, de apoio, de socorro, tornou o projecto bem grande. Nutre, dá educação e saúde a dezenas de crianças e suas famílias. Das suas mãos obreiras e do seu coração estendeu e ampliou o pedido de ajuda. Não deixemos mais à sua sorte, na solidão do repasto dos abutres, estes Moçambicanos.

E veio gente de bem maior para ajudar a Fundação: voluntários, amigos, padrinhos, sócios. Todos estes gestos financeiros e de trabalho tem feito trabalho concreto: tem formado jovens no Ensino Superior e Técnico, dado escolarização a dezenas de crianças, incluindo bolsas de estudo fora do país, fornecido alimentação – para que ninguém mais passe fome naquela comunidade e criou a quinta onde a auto-sustentabilidade das comunidades é assegurada.

Todos os detalhes do projecto está no site, o que fazem, quem ajuda, os envolvidos, e sobretudo o que continuam a precisar.

São estas ONG´s, Fundações, Associações, que trabalhando de facto no terreno, junto das comunidades, ajudam a fazer sair alguns Moçambicanos da extrema pobreza. E quem salva uma vida salva a Humanidade.

Erradicar a Pobreza é um dos objectivos de sempre do pós-guerra civil de Moçambique.

Só que a pobreza é um negócio que dá muito lucro, logo o canibal capitalismo nunca o vai erradicar. É assim em qualquer país.

A Alexia e a Fundação Khanimambo deixaram-me impressionada pelo muito de grande que têm feito. Eu vivi lá, sei como dói pouco se poder fazer. Fiz o pouco que podia: deixei sementes. A Alexia ficou lá, semeia e colhe os frutos de ver pouco a pouco, cada moçambicano que recebe ajuda a tornar-se autónomo. Isso é gigante!

Uma equipa extraordinária, começando por Moçambicanos, passando pelos padrinhos estrangeiros, aos padrinhos locais, aos que contribuem para tirar uma criança da pobreza dando escola, saúde e alimentação, até ao voluntário estrangeiro que dá o que de melhor tem.

Todos confiam na Khanimambo os sonhos que têm no coração, deixando-os nos ramos das mangas e dos cajueiros do Xai-Xai e, nas sementes que um dia se tornarão árvores robustas.

Claro que estou envolvida com a Fundação em tudo o que estiver ao meu alcance e com um orgulho enorme.

Mas sobretudo curvo-me com o meu Khanimambo. Porque amo aquele país e as suas gentes.

Bem hajas Khanimambo. Feliz aniversário!

Que haja sempre gente a ajudar-vos. Que venham muitos anos de vida a tornar independentes aqueles que hoje são pobres mas que com saúde e nutrição e através da Educação, sairão numa nova estrada no verdadeiro sentido da erradicação da pobreza. Porque a pobreza pode ser um ciclo com fim.

Se todos contribuirmos com um pequeno gesto.

Um ramo da Fundação Khanimambo acaba de nascer também em Portugal para encontrar mais padrinhos. Envolvam-se como puderem.

Bem aventurados os que se dão à causa de defesa da humanidade.

Visitem o site, vejam os programas, inscrevam-se para um brinde, divulguem. 

Khanimambo!

Anabela Ferreira

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