A eternidade

Prólogo 

Disseram-me “ah e tal o fb já morreu”, tal como me disseram “ah e tal o verão já morreu”. Atingiram a meta…Ontem andava de chinela e hoje já de cachecol e constipada. 

Entrei em negação. Até finalmente perceber que aqui nas Highlands da minha Escócia o sol brilha mas tal como o poeta é um fingidor: mente. Então criámos um compromisso. 

Nutrimo-nos. 

Escrevi-lhe agradecendo e desejando uma boa vida. Que fique claro que aceitei a morte do verão tanto quanto do fb. A IA está-se nas tintas para mim, tal como o frio. Sou irrelevante e pronto “mate, não gostas, nem me dás a ganhar nada, muda-te”. Ou habitua-te e usufrui dos nutrientes que te arranjo. Castanhas, romãs e vinho quente com canela e sumo de laranja. E eu obedeço. Porque até gosto daqui e das highlands. É como qualquer anónimo que escreve grafitis nos muros. Fá-lo porque sim. Vive porque sim. Depois de atravessar o fogo e sair do outro lado eu quero é nutrientes para a alma.

Epílogo

As árvores estão em silêncio, por respeito ao sol que rasga entre a folhagem cabisbaixa com o frio. As cabeças inclinadas dos colibris com a penugem a arejar, aventam “por mais tempo que passe pela minha pele não me consigo importar menos, importo-me sempre muito”. Ouço-os e junto-me ao canto “cada dia que corre por mim, mais quero de nutrientes para a alma, que me importem, para os tomar de dentro, sei-te vida, conheço-te, na maioria das vezes entendo-te, sei que te importas, muito, também sei que fazes asneiras, cometes pecadilhos, mentes, enganas, confundes, desvias do centro, mas não precisas, vejo-te como és e sabes porquê? porque de cada dia que me tocas quero-te intensamente, com os teus melhores nutrientes, importar de cada instante, a eternidade”.

Anabela Ferreira

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